Ana Maria Braga
Reprodução/Globo
Ana Maria Braga


Nesta semana, Ana Maria Braga surpreendeu ao anunciar que pretende processar um jornalista na esfera criminal e cível por divulgar informações que, segundo ela, atrapalhariam os negócios do programa que apresenta há décadas. A atitude da apresentadora, ao invés de causar temor ou gerar alguma comoção, foi recebida por este colunista como mais um exemplo de uma prática cafona e antiga, que já foi poderosa, mas hoje soa como um eco distante de outros tempos. Se décadas atrás ameaças judiciais eram vistas como um ultimato, hoje elas são, no máximo, mais uma terça-feira no mercado de jornalismo de celebridades.

É claro, qualquer pessoa tem o direito de buscar a Justiça, mas ganhar um processo é outra conversa. Ana Maria, no entanto, já sai com alguma vantagem: pode pedir umas dicas ao advogado da Patrícia Poeta, sua colega de emissora, que enfrentou situações parecidas no passado. Ironias à parte, é evidente que esse tipo de estratégia – atacar a imprensa com ameaças de processos – é uma tática ultrapassada, típica de gerações que achavam que o grito bastava para calar a voz do outro. Hoje, no entanto, ninguém mais tem medo de processos. Eles são tão comuns no meio que a reação mais provável é um leve bocejo.

Mas o objetivo da manifestação de Ana Maria parece ir além de proteger sua equipe ou sua honra. O tom do discurso revela uma preocupação maior: a defesa de um programa que vende cotas publicitárias com anos de antecedência. O mesmo expediente foi utilizado em outra ocasião, quando o jornalista Leonardo Ferreira, do Globo, publicou sobre os bastidores da possível aposentadoria da apresentadora. Curiosamente, ela levou para televisão o mesmo discurso, mas não ameaçou processar Ferreira. A razão? Ele faz parte do Grupo Globo, e naquela situação, o texto também era verídico. Já quando a fonte não é “da casa”, a indignação é performada com grande alarde, mas pouca eficácia.

Vale lembrar que Ana Maria é uma figura pública, e como tal, deveria estar mais do que habituada às especulações e críticas que acompanham o posto. Justificar que notícias afetam os negócios do programa é, além de infantil, juridicamente irrelevante. Em termos judiciais, o máximo que ela poderá ouvir é um “Acorda, menina, isso não passa de um mero dissabor”. Da mesma forma que a imprensa não deve se preocupar com as consequências comerciais das reportagens sobre Ana Maria, a emissora onde ela trabalha também não considera os impactos nos negócios de terceiros ao produzir suas matérias jornalísticas. É a roda da comunicação girando.

Outra questão que vale observar é a influência que pessoas próximas exercem em suas decisões. Talvez Ana Maria devesse ser menos suscetível às opiniões de Fábio Arruda, seu marido, e lembrar que desconfiança nunca é demais. Homens que largam tudo para viver à sombra de uma mulher bem-sucedida muitas vezes se revelam de maneira surpreendente.

No fundo, o que Ana Maria enfrenta agora é um ciclo comum entre grandes nomes da televisão brasileira. Luiz Bacci já passou por isso, ao cogitar deixar a Record após especulações. Boninho, diretor da Globo, também foi alvo de rumores que o irritaram, e Rodrigo Faro a mesma coisa. A psicanálise explica: quando o fim de um ciclo se aproxima, a primeira reação é a negação. É uma etapa natural, mas que logo dá lugar ao reconhecimento da realidade. No caso de Ana Maria, o fechamento desse ciclo pode até ser inevitável, mas há formas muito mais dignas de enfrentá-lo do que ameaçando jornalistas. Afinal, como diria o próprio bordão imortalizado por ela, está na hora de “Acordar, menina!” e entender que essa batalha já está perdida. Acorda, Menina! Juridicamente, suas queixas não passam de um mero dissabor.

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