Brothers participam de sincerão.
Globo/Reprodução
Brothers participam de sincerão.


O que o Big Brother Brasil exibiu na noite de ontem não foi uma dinâmica de jogo. Não foi entretenimento. Não foi uma proposta engenhosa para movimentar a casa. O que vimos foi um espetáculo cruel, um teatro de humilhação e sofrimento gratuito, promovido sob o pretexto de testar o emocional dos participantes. Foi como se o programa pedisse para desumanizar um ser humano. Foi um show de sadismo barato, com requintes de crueldade que, sinceramente, fazem questionar o que a direção do programa entende como “boa televisão”.

Desde o início do BBB 25, ficou claro que a nova direção buscaria um tom diferente, mas o que se viu ontem foi o ápice de uma abordagem fria e insensível, que transforma a dor dos confinados em produto de consumo. O uso dos familiares—supostamente para desestabilizar os jogadores e “esquentar” o jogo—não trouxe nenhum avanço real na narrativa do programa. Não houve conflitos interessantes, não houve estratégias surgindo dali, não houve um elemento surpresa que pudesse justificar o desgaste emocional. Houve apenas sofrimento gratuito, transmitido ao vivo para o Brasil inteiro, como se isso fosse um mérito da atual direção.


Reality shows vivem do conflito. Isso é fato. O BBB, em sua essência, é um experimento social que se alimenta de tensões, alianças, traições e reviravoltas. Mas há uma linha tênue entre um jogo bem conduzido e um jogo que se torna desumano. E ontem, essa linha foi ignorada sem pudor algum.

A edição já teve momentos de tensão intensa antes. Já vimos discussões pesadas, já vimos dinâmicas difíceis, já vimos paredões emocionantes. Mas, nesses casos, havia sempre um propósito narrativo, uma movimentação dentro do jogo que justificava os embates. Ontem, a única coisa que a direção fez foi despejar sofrimento na tela, sem qualquer preocupação com o impacto emocional dos envolvidos ou com a experiência do público. E o resultado? Um show de horrores.

Os participantes, visivelmente abalados, não saíram daquela dinâmica mais estratégicos, mais competitivos ou mais espertos no jogo. Saíram exaustos, esvaziados, esmagados por uma situação artificialmente criada para o puro desconforto. E o público em casa? Muitos assistiram com a mesma sensação de mal-estar. Se essa é a visão de entretenimento que Rodrigo Dourado quer impor ao BBB, é preciso questionar se ele ainda entende o próprio programa que dirige. Há uma diferença entre criar boas dinâmicas e apenas jogar os participantes no fogo para ver quem queima primeiro.

A busca incessante por audiência e engajamento tem levado o reality a momentos cada vez mais apelativos, sem um olhar cuidadoso para o que realmente faz o BBB funcionar. O público gosta de jogo, de estratégia, de embates naturais entre personalidades fortes. Mas ninguém quer assistir a um show de tortura emocional mascarado de reality. Se a direção do programa continuar nesse caminho, o que vamos ver não é um BBB empolgante. É um BBB insuportável.

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