O desligamento de Glória Perez da TV Globo após mais de quatro décadas de colaboração marcou um novo capítulo na crise que atinge o setor de dramaturgia da emissora. A saída da autora, que estava com uma sinopse pronta para entrar no ar na sequência da nova versão de Vale Tudo, foi motivada por uma reviravolta nos bastidores da emissora: a escolha do diretor Amaury Soares por uma obra de Agnaldo Silva como próxima aposta da faixa das 21h depois de Vale Tudo. O diretor resolveu priorizar suas apostas, uma vez que a Globo observa essas duas apostas do diretor para decidir se ele ficará ou permanecerá no cargo.
Segundo apuração da coluna com fontes do conselho do Grupo Globo, Amaury Soares, atual responsável pelos estúdios Globo, está sendo diretamente pressionado pelos resultados das próximas novelas. Diante da instabilidade e da necessidade de garantir um desempenho mais sólido após Vale Tudo, ele optou por priorizar o projeto Três Graças, de Aguinaldo Silva, autor que retorna à casa com a missão de ajudar a reerguer os índices da teledramaturgia global.
A decisão causou desconforto nos bastidores. Ainda acordo com fontes do canal, Glória Perez havia recebido sinalizações de que sua novela seria a substituta natural de Vale Tudo, mas foi informada de que, com a volta de Agnaldo, o projeto dele passaria à frente. Essa mudança de planos foi o estopim para o encerramento do contrato fixo da autora, que agora passará a atuar apenas por obra certa, caso seja chamada novamente.
O rompimento contratual foi visto internamente como uma medida econômica. Caso Glória fosse mantida fora da grade até o ano que vem, a Globo teria que honrar valores salariais consideráveis sem uma obra em produção no curto prazo. Assim, a emissora optou por não renová-lo, numa tentativa de conter gastos enquanto reorganiza seu núcleo de novelas. Ainda de acordo com fontes da emissora, a decisão não foi pautada pela abordagem do aborto, que a novela teria.
A saída da autora, responsável por sucessos como O Clone, Caminho das Índias e Salve Jorge, evidencia a insegurança atual do setor de dramaturgia da Globo, que vive um momento delicado de transição. A expectativa agora está em Vale Tudo, Dona de Mim, e Três Graças, que representam não apenas a volta de Aguinaldo Silva, mas também um risco assumido por Amaury Soares, que tenta evitar novos fracassos na grade de 2025.
Pessoas próximas a Glória relatam que ela recebeu a decisão com surpresa e certa frustração, já que vinha desenvolvendo sua nova sinopse há meses. A Globo, por sua vez, reafirma que a autora segue com portas abertas para projetos futuros.