Em adeus de Estêvão no Allianz, Palmeiras goleia Sporting Cristal
Divulgação/Libertadores
Em adeus de Estêvão no Allianz, Palmeiras goleia Sporting Cristal


No futebol moderno, em que cifras, contratos e transferências ocupam quase todo o espaço das narrativas, um pequeno gesto foi capaz de resgatar o que realmente importa: o afeto. Ontem, no Allianz Parque, ao final de sua última partida pelo Palmeiras, Estevão, o jovem prodígio que agora parte para novos rumos, subiu à arquibancada e entregou sua camisa a uma criança que segurava um cartaz. Um ato silencioso, espontâneo, mas que mobilizou o estádio e viralizou no país inteiro.

A cena emocionou porque é cada vez mais rara: um jogador, no auge da sua despedida, com o mundo inteiro assistindo, se detém para enxergar um torcedor anônimo, um garoto que, até aquele momento, talvez nem soubesse se o futebol seria mesmo sua paixão definitiva. Mas, com aquele gesto, Estêvão cravou não apenas sua memória na história do clube, como também, provavelmente, selou para sempre o vínculo daquela criança com o esporte.

Essa é a dimensão que muitas vezes se perde quando se fala em futebol apenas como negócio. O futebol é, sobretudo, um espaço de formação, de sonhos, de identidades. Um momento como esse não se mede em euros, mas em pertencimento. Não se negocia, não se coloca cláusula de rescisão: aquele garoto vai lembrar para sempre de quando, num estádio lotado, um ídolo desceu do pedestal e lhe entregou a camisa do seu último jogo. Aliás, um peça que poderia ter virado ouro na mão de um mercado tão cruel.

O que Estévão fez, talvez sem nem perceber, foi garantir que o futebol siga vivo em mais uma geração. E essa é a verdadeira vitória, muito mais relevante do que qualquer resultado em campo. A diferença entre um menino que ama o esporte e um que desiste dele pode estar justamente nesses pequenos gestos gratuitos, afetivos, simbólicos.

Fica, então, a lição: enquanto o mercado move os jogadores e os clubes, quem move o futebol são essas histórias. O garoto que ganhou a camisa talvez nunca jogue profissionalmente, talvez nem se torne atleta, mas, sem dúvida, seguirá amando esse esporte. Ou justamente o contrário: esse gesto pode estar selando a vontade de um futuro campeão. Posso dizer que, para um atleta, não há um legado maior que esse.

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