Palestina
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O que Mario Sabino escreve em sua coluna no Metrópoles não é opinião: é um libelo doentio contra o ativista brasileiro que ousou denunciar a tragédia humanitária em Gaza. Com a empáfia de quem já abdicou há tempos de qualquer compromisso com a verdade, ele trata com sarcasmo e desprezo um grupo de ativistas civis, acusando-os levianamente de serem “ garotos-propaganda do Hamas ”. Trata-se de uma calúnia irresponsável e covarde, e pior: endossada por um dos maiores portais de notícias do país.

Sabino recorre à mais rasteira retórica da extrema direita para tentar ridicularizar pessoas que se colocaram do lado das vítimas, não dos agressores. Ao se referir a ativista Greta e o jovem brasileiro que participaram de uma missão humanitária como “meninada antissemita”, ele não apenas recorre a um clichê difamatório, ele esvazia por completo o sentido real do antissemitismo, o que é uma violência histórica contra o próprio povo judeu. Sabino, como tantos outros reacionários, quer transformar qualquer crítica ao governo israelense em prova de ódio racial, apagando a diferença entre Estado e povo, entre poder e identidade. Isso é perverso.

O cinismo explode quando o colunista escreve que os ativistas “foram salvos por Israel” e que poderiam ter sido “alvejados por terroristas para culparem o exército israelense”. Isso não é só especulação infame: é uma tentativa de justificar a prisão arbitrária de civis estrangeiros, é a naturalização da violência como tática de intimidação política. E ainda tem a ousadia de rir da tortura psicológica de forçá-los a assistir cenas de horror, como se isso fosse uma aula de história. Isso não é didatismo: é sadismo, institucionalizado e endossado por quem se finge de colunista.

O que há por trás da retórica de Mario Sabino é uma tentativa de silenciar toda e qualquer forma de solidariedade ao povo palestino. Sua mensagem é clara: se você denunciar os crimes de guerra de Israel, será chamado de antissemita. Se participar de missão humanitária, será tratado como cúmplice do terrorismo e será ridicularizado como um bobo útil. Essa é a lógica fascista: punir o dissenso, desumanizar o outro, inverter a vítima e o algoz.

O Metrópoles se apequena ao publicar um texto como esse. Num momento em que há centenas de milhares de mortos, onde crianças morrem soterradas e jornalistas são assassinados em bombardeios, dar palco para um colunista que zomba de ações humanitárias e celebra abusos de Estado não é apenas um erro editorial: é cumplicidade ativa com a barbárie. Sabino pode rir do sofrimento alheio do conforto da sua cadeira, mas do outro lado do mar, onde a dor é real, há gente morrendo. E há também brasileiros que decidiram não se calar. A história os lembrará com dignidade. A Sabino, restará o papel vergonhoso de ter escrito algo do tipo.

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