Sofia (Elis Cabral) em 'Dona de Mim'
Foto: Globo
Sofia (Elis Cabral) em 'Dona de Mim'


Dona de um talento raro, a atriz mirim que interpreta a protagonista de Dona de Mim revela uma entrega em cena que impressiona pela naturalidade. A Globo tem, nas mãos, muito mais que uma promessa.

Elis Cabral não é só uma boa atriz mirim, ela é um acontecimento. Em meio à força dramática da novela Dona de Mim, é o olhar dessa menina que segura cenas com um tipo de presença que não se ensina, apenas se acolhe. Eu observei algo diferente nela desde o primeiro capítulo. Há um domínio suave, mas profundo, como se ela compreendesse, com o corpo e com a alma, tudo o que está acontecendo à sua volta. E isso, num papel tão central e delicado, é raro. Muito raro.

O que mais me impressiona em Elis é o que ela não é. Ela não soa como aquelas crianças que interpretam adultos em miniatura, com entonações estudadas, olhares decorados e uma “maturidade” ensaiada que muitas vezes conquista prêmios, mas não o coração do público. Elis também não é infantil em cena. Não entrega frases caricatas, nem se perde no encantamento fácil do “fofinho”. O que ela faz é algo mais difícil: ela existe na cena, como se estivesse ali de verdade, e nós acreditamos.

Essa naturalidade que ela tem é preciosa. E justamente por isso, precisa ser cuidada. Elis é uma joia rara, mas ainda é uma joia em estado bruto, o que a torna ainda mais fascinante. A Globo tem a responsabilidade e o privilégio de acompanhar essa lapidação. Não é hora de acelerar, de moldar demais, de transformar esse brilho natural em algo previsível. É tempo de proteger, de oferecer bons papéis, bons diretores, e, acima de tudo, tempo para que ela continue sendo o que já é: uma menina com verdade.

O Brasil já viu talentos mirins despontarem antes. Alguns viraram estrelas adultas, outros se perderam no caminho. Com Elis Cabral, o que se vê é algo raro: não apenas potencial, mas presença. E diante disso, resta a nós, imprensa, público, emissora, fazer o que se faz diante de toda joia valiosa: não tentar mudar, mas lapidar com cuidado, com tempo e com amor.

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