
Maria de Fátima está casada. Rica, elegante, bem instalada. Ao lado de Afonso, desfila uma felicidade de novela, literalmente. Mas por trás do sorriso calculado, do beijo performático, da dedicação interesseira, pulsa a pergunta que vem assombrando não só a trama de Vale Tudo, mas também os bastidores da vida real: dá pra sustentar uma mentira no casamento a vida inteira?
A jovem acredita que sim. Que é possível administrar a imagem, manipular o discurso, manter a farsa sob controle com talento, estratégia e uma boa dose de frieza. E mais: que o outro, no caso, Afonso, nunca vai perceber. Mas será mesmo? Será que nunca há rachaduras? Ou será que, em algum momento, quem está sendo enganado percebe… e escolhe não ver?
Quantas relações existem baseadas nessa dança silenciosa entre o engano e a conveniência? Quantos casamentos só seguem em frente porque, de um lado, alguém mente bem, e do outro, alguém já entendeu a farsa, mas prefere a ilusão ao vazio? Finge que engana, que eu finjo que acredito. É possível que o amor sobreviva quando se transforma num teatro com plateia vazia e cortinas fechadas?
Vale Tudo só revive o que a vida encena todos os dias. A questão que fica, e que talvez você possa responder melhor do que qualquer roteirista, é: até onde vai o papel de cada um nessa trama? Dá mesmo para casar e enganar alguém por toda uma vida? Ou o verdadeiro acordo é outro, o de fingir que não se sabe, para continuar chamando de amor o que talvez nunca foi? Vale Tudo por amor? Vale Tudo pelo amor? Ou Vale Tudo por meio do amor?