
Não existe outra expressão que fizesse este colunista conseguir definir a situação de outra forma: um show de horrores chocante, desmedido e desproporcional. Isso porque alguns jornalistas veteranos passaram a discutir em um grupo restrito do WhatsApp estratégias para "acabar com o trabalho" de outros jornalistas que estão ganhando destaque no cenário.
Em sua totalidade, as narrativas de ódio direcionadas entre os membros do grupo aos profissionais mais novos são iniciadas após a divulgação de informações exclusivas. O que espanta é que muitas destas notícias dadas pelos jornalistas que viraram alvo foram confirmadas, e mesmo assim eles permanecem alvos no grupo para um plano articulado de descredibilização.
O discurso de ódio, em sua grande maioria, começa de forma rasa pelos 'superjornalistas veteranos' que vão postando a notícia dos colegas no grupo acompanhadas sempre da mesma justificativa: "minhas fontes não confirmam", como se as suas próprias fontes fossem deuses absolutos no olímpio de um vasto mercado de notícias. E o que se vê na sequência são ofensas e xingamentos desproporcionais.
Entre eles, um sentimento de dúvida parece comum: "como os mais novos podem ter tanta informação e fontes exclusivas em locais que estes veteranos trabalharam e formaram suas redes?"
Este colunista analisou alguns diálogos e, fazendo um estudo das pautas que foram alvo dos discursos de ódio dos jornalistas mais velhos, chega-se a fácil conclusão de que as pautas envolveram negociações, programas e artistas dos quais, por falta de reciclagem de fontes, os veteranos acabaram perdendo a vez na exclusividade da notícia, ou seja, do famoso furo.
Aqui cabe a 'grosseira' reflexão que, assim como artistas veteranos vão cedendo ao tempo dando lugar aos mais novos, fontes também deixam de trabalhar nos veículos e são trocadas por profissionais mais novos, que também se tornam fontes para jornalistas mais novos.
No grupo nada parece justificar o ódio destes poucos veteranos - ainda bem que 'poucos' - que acabaram deixando de ser, por esses motivos, exemplos para a nova geração, que apesar da alta concorrência, não carrega tamanho ódio no coração como visto pelo grupo dos 'justiceiros de meia tigela'.
Nos bastidores, os jornalistas que vem sendo alvo desse grupo também conversam, e assim como boas fontes, também dispõem de boa estrutura jurídica no circuito. Estas, inclusive, passaram a acompanhar e registrar as movimentações de cada um, ou seja, passaram também a tomar conta do assunto.
Entre os mais novos, apesar de concorrentes na profissão, o sentimento passou a ser outro, bem diferente do ódio destilado pelos 'dinossauros': ninguém solta a mão de ninguém. A conclusão é que a destruição articulada que esse seleto grupo de poucos veteranos busca causar no trabalho dos mais jovens extrapola o âmbito profissional.
Recentemente os diálogos - que se pautavam apenas em xingamentos, ofensas e deboches - ganharam um novo status: uma articulação planejada para descredibilizar os jornalistas alvos em seus espaços profissionais, que deveriam estar sendo usados para informar o público.
O grupo vem armando planos sequenciais para que os adeptos escrevam e postem em seus veículos e redes sociais desmentidos em torno das publicações mais polêmicas, em sua maioria aquelas que carecem de tempo para confirmação, sempre quando forem relacionadas aos seus desafetos. E quando se confirmam, estes mesmos veteranos monetizam seus espaços de trabalho com as mesmas informações outrora atacadas em seu grupo.
A situação é tão assustadora que, ainda no grupo, um dos usuários pondera que a notícia de muitos deles acabam se confirmando. Mas estas observações acabam ficando sem respostas e passam a ser ignoradas pelos 'sofistas' veteranos que vão ali, diariamente, distorcendo um quebra cabeça acerca da notícia dada pelos profissionais que se tornaram seus alvos.
'Desejo de morte'
E o que poderia ser restrito apenas a sentimentos de inveja, insegurança e até mesmo raiva - ou pela simples razão de 'um santo não bater com o outro' - começa a perder o controle e passar de todos os limites quando, por meio de um áudio - uma conhecida jornalista veterana - que também ganhou bastante aparência televisiva como assessora de imprensa de uma personalidade - deseja a morte de um jovem jornalista. Isso mesmo, a morte! O desejo: a morte por um atropelamento fatal em tom de ameaça.
Sinceramente este humilde colunista - que trabalha há 18 anos no segmento - nunca viu nada parecido. Das editorias de política a polícia, nenhuma destas apresentou algo tão nefasto e odioso entre colegas de profissão como neste segmento tão diverso. Como se não bastasse o DNA (demasiada necessidade de aparecer) dos artistas, a nova geração - já focada e comprometida com um alto público que os acompanha e confia nos seus trabalhos - já é uma geração que também chega aprendendo a lidar com o DNO (Demasiada Necessidade de Ódio) dos dinossauros.
Que sejam leves - não só os próximos desdobramentos disso tudo - mas também as próximas gerações.