O jornalista da TV Globo Caco Barcellos está sendo processado pela família do traficante Juliano VP, encontrado morto no presídio Bangu 3, em 2003, dois meses depois do lançamento do livro "Abusado - O Dono do Morro Santa Marta). Caco narra por meio do livro fatos da infância, adolescência, entrada e ascensão no tráfico de drogas na favela de Santa Marta. VP ficou famoso na época por meio de amplas reportagens após parecer dando entrevistas depois da visita do astro internacional Michael Jackson à comunidade da Zona Sul carioca.
Através da história de Juliano VP (codinome de um conhecido traficante carioca) ― sua infância, adolescência, entrada e ascensão no tráfico de drogas na favela Dona Marta, em Botafogo, bairro de classe média carioca.
Três familiares de Juliano VP ingressaram com uma ação de indenização por danos materiais e morais. A acusação alega que os autores teriam sido mencionados em "fatos inverídicos ou manipulados da vida dos autores sem que a eles tenham conferido oportunidade de manifestarem-se sobre a obra (...) além de não pagaram os direitos decorrentes da utilização da biografia não autorizada (...)", diz um trecho da peça sobre o livro que já ultrapassou 28 edições.
De acordo com os autos processuais, entre os pedidos a família pede que o jornalista "declare publicamente em canal de TV, rádio, jornal de grande circulação e em futuras edições do livro “Abusado – O Dono do Morro Dona Marta”, que os autores jamais participaram, concorreram, ajudaram ou incentivaram Marcinho VP nas empreitadas criminosas relatadas na obra, sob pena de multa diária."
A ação pede a condenação do jornalista e da editora responsável pela publicação dos exemplares e que sejam calculados valores comerciais para reparações indenizatórias. Entre elas, R$ 100 mil para cada familiar. A ação trata do montante mínimo de R$ 400 mil.
Ainda segundo os autos, Caco Barcellos defendeu seu trabalho e o fundamentou através de uma ampla investigação jornalística. Ocorre que como o processo também trata de aspectos comerciais decorrente da venda do livro, a Justiça Cível do Rio de Janeiro solicitou o declínio de competência para uma Vara Empresarial. Em mais uma reviravolta, a discussão sobre o declínio de competência parou em instâncias superiores e os desembargadores devolveram o processo para a comarca Civil inicial, que sinalizou estar pronta para seguir com o processo e julgar o caso.
Antes disso, a editora Record alegou que a família teve seis meses para ingressar com qualquer queixa, há 20 anos, quando o livro foi lançado, e que por esta razão qualquer acusação teria prescrito. Entretanto, a Justiça considerou o seguimento do processo e embasou a explicação na alegação de que a publicação de novas edições dos anos seguintes renovaram os prazos e, consequentemente o direito a qualquer reclamação sobre o conteúdo da obra.
Embora o processo esteja em segredo de Justiça, peças processuais atreladas ao processo se tornaram públicas em movimentações no judiciário decorrentes das tramitações dos declínios de competência.