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O egoísmo disfarçado de amor

'Ela quer ir na janela': Mãe enviou à filha uma mensagem perigosa: a de que seus desejos são mais importantes do que o direito do próximo

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Foto: Arte ilustrativa
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O episódio recente que viralizou nas redes sociais em praticamente todos veículos de imprensa e áginas no Instagram envolvendo uma mãe em um avião que constrangeu uma passageira por não ceder seu lugar à janela para sua filha nos coloca diante de uma questão urgente: a forma como estamos educando as próximas gerações.

Esse caso, que repercutiu amplamente, é mais do que um ato isolado; ele é um reflexo de um comportamento cada vez mais comum entre pais e mães que, ao buscarem evitar qualquer frustração para seus filhos, acabam negligenciando a importância de ensinar limites e respeito ao próximo. Aquela velha e necessária lição que deve começar a ser ensinada desde cedo aos pequenos: 'o seu direito termina quando esbarra no direito do próximo'.

Vivemos em uma sociedade que valoriza o bem-estar imediato e a satisfação plena. No entanto, a vida adulta está longe de ser assim. E os pais que desejam realmente preparar seus filhos para o mundo precisam aprender antes o que eles mesmos não aprenderam na infância.

Ensinar uma criança que ela não pode ter tudo o que deseja não é apenas necessário, é um ato de amor. Impor limites não é sinônimo de negar afeto, mas de prepará-la para um mundo onde suas vontades coexistirão com as necessidades e direitos dos outros. No caso em questão, a atitude da mãe enviou à filha uma mensagem perigosa: a de que seus desejos são mais importantes do que a convivência harmoniosa em sociedade.

Ao insistir em expor uma passageira que estava apenas ocupando o assento previamente escolhido, ela reforçou a ideia de que insistência ou constrangimento são meios legítimos de alcançar objetivos pessoais. Isso não apenas desrespeita o outro, mas também priva a criança de aprender a lidar com a palavra “não”.

A frustração, por mais dolorosa que seja, é uma parte essencial do crescimento. Ela ensina resiliência, empatia e a habilidade de negociar em vez de exigir. Negar esses momentos de aprendizado pode criar uma geração incapaz de lidar com adversidades e que não entende os limites do próprio comportamento.

Por outro lado, essa situação também aponta para a falta de consciência social que muitos adultos, como essa mãe, demonstram. Se pais e mães não praticam o respeito mútuo no dia a dia, como podem esperar que seus filhos aprendam esse valor? Crianças são espelhos, e aquilo que fazemos vale mais do que qualquer lição que tentemos ensinar com palavras.

Casos como esse deveriam nos fazer refletir: estamos criando crianças preparadas para um mundo onde convivemos com o outro, ou para um mundo imaginário onde suas vontades sempre prevalecem? Como pais, educadores ou simplesmente como sociedade, temos o dever de ensinar as futuras gerações que viver em comunidade exige equilíbrio, empatia e, principalmente, respeito às diferenças e escolhas alheias.

Educar não é garantir que nossos filhos tenham todos os desejos atendidos. É prepará-los para entender que, muitas vezes, o lugar na janela não estará disponível, e tudo bem. O verdadeiro amor não é ceder a todas as vontades, mas ensinar a lidar com aquilo que não se pode mudar.