Arthur Aguiar e Gleici Damasceno
Globo/ Manoella Mello
Arthur Aguiar e Gleici Damasceno


Foi bizarro e difícil de imaginar que algum diretor tenha aprovado e levado para o ar algo tão 'escroto'. Exibida ontem no intervalo de Mania de Você, a vinheta comemorativa dos 25 anos do Big Brother Brasil, intitulada BBB Bodas de Prata, conseguiu transformar um marco histórico em um dos momentos mais constrangedores da televisão recente. Reunir um casting de peso, incluindo ex-participantes emblemáticos do programa, para produzir algo tão raso, desconexo e até mórbido é um verdadeiro desperdício de recursos e oportunidades. O resultado foi uma bagunça sem sentido, repleta de bordões reciclados que não acrescentaram absolutamente nada ao legado do reality.

O conceito de “bodas de prata” se revelou tenebroso desde o momento em que apresentaram uma criança em forma de dummy, sozinha em uma igreja, evocando uma atmosfera mórbida e perturbadora. Já é estranho explorar essa estética com figuras adultas; inserir uma criança branca, estática, em um cenário solitário, foi ainda mais bizarro.


A tentativa de inovar caiu no ridículo, tornando a produção boba, patética e completamente desprovida de conteúdo. Além disso, Tadeu Schmidt, que insiste em um humor que claramente não domina, voltou a reforçar sua falta de carisma nesse formato. A capa humorística que tentou assumir no ano passado já havia sido alvo de críticas, e agora, com mais uma amostra do que está por vir, a perspectiva não é animadora.

Outro ponto inaceitável foi a falta de qualquer narrativa que exaltasse a história do BBB e de seus participantes. O foco se limitou a exibir rostos conhecidos repetindo expressões que o público já conhece de cor. A ausência de profundidade e de uma celebração genuína das trajetórias desses ex-BBBs é um sinal claro de falta de criatividade e comprometimento por parte da equipe de direção. Como um projeto tão infantilizado e superficial foi aprovado para um marco tão importante?

A situação se agrava com o show de lacração desmedida que veio à tona, sobretudo nas redes sociais. Ex-BBBs sem qualquer relevância histórica no programa, como Michel, aproveitaram o momento para se colocarem como vítimas por não terem participado da produção. Vale lembrar que Michel foi uma verdadeira planta na edição em que participou, um jogador raso e sem impacto que tenta agora ganhar uma importância que o público nunca lhe deu. Essa tentativa de roubar os holofotes reflete o tom superficial e vazio que tem permeado as últimas temporadas do programa.

Se o que vimos ontem é um indicativo do que está por vir no BBB Laços, a perspectiva não é promissora. A falta de profundidade na narrativa, a estética mórbida, e as escolhas criativas questionáveis sinalizam que, caso a direção insista nessa linha de raciocínio, o próximo BBB corre sério risco de ser um fracasso retumbante. É inconcebível que um marco de 25 anos seja tratado com tamanha falta de respeito à própria história e ao público que o acompanhou por décadas.

No fim, fica o alerta: o que esperamos de um Big Brother Brasil comemorativo não é um desfile de equívocos, mas uma celebração genuína, inteligente e nostálgica de seu legado. Se a produção continuar caminhando na direção desse desastre, talvez o maior legado que nos reste será lamentar o que o programa poderia ter sido. 

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