A perda de um filho é uma dor imensurável, mas até que ponto o sofrimento pessoal deve ser exposto publicamente? Vivemos tempos em que a vida privada e a pública se encontram em uma linha cada vez mais tênue. Redes sociais se tornaram diários virtuais, onde alegrias e dores são compartilhadas com a mesma intensidade.
Recentemente, Tiago Negro e Maíra Cardi passaram pela dor de perder um filho ainda em fase inicial de gestação — uma perda que só quem viveu pode compreender. Diante de um momento tão sensível, é natural buscar apoio e conforto, mas a forma como esse luto foi exposto nas redes sociais gerou uma reflexão importante e dividiu a internet: até onde o compartilhamento da dor faz sentido, e quando ele se torna um espetáculo de engajamento? Postar a foto e vídeo do do feto natimorto expelido pela Maíra, definitivamente, não foi legal.
A imagem do feto natimorto publicada por Thiago foi recebida com grande choque por muitos internautas. Não se trata de julgar a dor que ele e Maíra sentem — essa dor é legítima e precisa ser respeitada. Mas é necessário questionar se a exposição dessa imagem não ultrapassou um limite ético importante. Existem dores que são privadas e que merecem ser vividas na intimidade. Compartilhar sentimentos é humano, mas há um ponto em que a exposição pode ferir mais do que curar. Já imaginara, por exemplo, se Sabrina Sato tivesse feito a mesma coisa? Algo impossível de acontecer.
É importante lembrar que o luto é uma experiência profundamente pessoal. Algumas pessoas preferem o silêncio, outras se sentem acolhidas pelo coletivo. No entanto, quando a dor é compartilhada de forma tão explícita, como no caso de uma imagem tão sensível, surge a preocupação sobre o impacto disso para o público. Existem pessoas que podem se sentir extremamente desconfortáveis ou até mesmo traumatizadas ao se deparar com esse tipo de conteúdo sem aviso prévio.
Há também um ponto crucial a ser discutido: até que ponto o engajamento nas redes sociais pode moldar a maneira como as pessoas lidam com suas emoções e dores? Publicar a imagem de um bebê que não sobreviveu, em um momento de profunda vulnerabilidade, pode ter sido um gesto de desabafo sincero. Mas, em tempos onde tudo é medido em curtidas, comentários e alcance, é importante refletir sobre os riscos de transformar momentos tão delicados em um conteúdo consumível.
Isso não significa, de forma alguma, que Tiago e Maíra não mereçam solidariedade e empatia. Muito pelo contrário — eles merecem acolhimento e respeito. Perder um filho é uma dor que ninguém deveria passar. No entanto, é preciso ter cuidado para que essa dor não se torne um elemento de engajamento que ultrapasse limites éticos. Compartilhar sentimentos é humano, mas preservar certas intimidades também é um ato de autocuidado e respeito com o outro.
A reflexão que fica é sobre o equilíbrio entre compartilhar e preservar. Redes sociais nos permitem conectar uns aos outros de formas nunca antes possíveis, mas o desafio é saber o que devemos, de fato, expor. Que Tiago e Maíra encontrem paz em seus corações neste momento tão difícil, e que todos nós possamos refletir sobre como tratar nossas dores e as dos outros com mais cuidado, empatia e, principalmente, limites.