Alessandro Lo-Bianco
Exclusivo

Decisão judicial contra Globo força mudança na edição do BBB

Emissora proíbe transformações de participantes em vilões e avalia impactos jurídicos com possíveis jurisprudências

Karol Conká
Foto: Reprodução/Instagram
Karol Conká


A Globo está em estado de alerta após perder um processo movido pela ex-BBB Aline Cristina, participante da quinta edição do reality, exibida em 2005. Aline, que deixou o programa com 95% de rejeição e foi apelidada de “X9” devido a edições que exploraram sua postura de ouvir conversas alheias, entrou na Justiça pedindo o direito ao esquecimento. O pedido, incomum no Brasil, foi acatado, e a emissora foi condenada a pagar uma indenização de R$ 23 mil.

Embora o valor seja baixo para os padrões da Globo, a decisão gerou grande preocupação na cúpula da emissora. Durante reuniões com o departamento jurídico, foi avaliado que o resultado do processo pode abrir precedentes perigosos, incentivando outros ex-participantes que se sentiram prejudicados por suas edições no programa a entrarem com ações semelhantes. Isso coloca em xeque uma das características mais marcantes do BBB: a criação de narrativas que destacam heróis e vilões.



Para evitar novos problemas, a direção do BBB recebeu uma ordem direta: a edição deste ano deve evitar qualquer abordagem que caracterize os participantes como vilões. Isso inclui cortes de vídeo, narrações, animações e até mesmo a escolha de músicas que possam influenciar a percepção do público. A decisão reflete a preocupação da Globo em prevenir novas ações judiciais enquanto estuda os impactos da derrota jurídica.

Aline Cristina argumentou no processo que sua imagem foi fortemente prejudicada após o programa, levando-a a ser estigmatizada em sites e redes sociais como uma “traidora”. O uso do apelido “X9” pelo programa e pela mídia, aliado às brincadeiras sobre suas atitudes no confinamento, foi apontado como fator determinante para sua rejeição e dificuldades enfrentadas após o reality. A vitória no processo, embora incomum, reforça a possibilidade de jurisprudência em casos semelhantes.

Internamente, a emissora está reavaliando toda a forma de produção e edição do BBB, especialmente no que diz respeito à construção de narrativas. A preocupação maior não é apenas com as edições futuras, mas também com possíveis ações judiciais relacionadas a temporadas passadas, o que pode desencadear uma série de processos e afetar financeiramente e reputacionalmente o reality.

Enquanto a Globo tenta entender a extensão dos impactos jurídicos dessa derrota, o BBB 25 já sofre mudanças visíveis. Sem a tradicional estratégia de “vilanizar” determinados participantes, o programa pode enfrentar desafios para manter o engajamento do público, que sempre se alimentou das rivalidades criadas na edição. Agora, a emissora caminha em terreno delicado, buscando equilíbrio entre entretenimento e responsabilidade jurídica.