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Não há hipocrisia que resista à evidência: o BBB 25 fracassou, e a saída de Boninho foi o golpe fatal. Por mais que Rodrigo Dourado seja um profissional brilhante, com conhecimento técnico vastíssimo e um olhar cirúrgico para o reality, a verdade inescapável é que retirar do comando, no momento mais crucial da história do programa, um homem que o moldou ao longo de 24 anos foi uma decisão tão impulsiva quanto desastrosa.
A edição de 25 anos deveria ter sido o ápice, o “Big dos Bigs” definitivo, um marco inesquecível. No entanto, o que se vê é um programa desgovernado, estruturalmente inconsistente e narrativamente insípido. O refinamento narrativo, a capacidade de criar tramas envolventes, de orquestrar conflitos sem que soassem artificiais – tudo isso sempre foi a assinatura de Boninho. Sem ele, o reality se tornou uma experiência diluída, repleta de escolhas questionáveis e um evidente descompasso entre produção e público.
Dourado, indiscutivelmente, tem talento e experiência, mas há um fator que a técnica jamais poderá substituir: a assinatura autoral, o faro inato para o espetáculo. Boninho não apenas geria o BBB, ele era o BBB. Sua presença constante, sua intuição quase sádica para manipular as engrenagens do jogo no momento certo, sua habilidade de se reinventar ano após ano sem perder o pulso da audiência – tudo isso se esvaiu com sua saída. Basta comparar a edição histórica pela qual Davi Brito sagrou-se compeão. E a prova cabal disso é esta edição anêmica, errática, sem o magnetismo de anos anteriores.
O erro, no entanto, não foi apenas estratégico, mas também simbólico. Expurgar Boninho às vésperas da edição comemorativa foi um atentado contra a própria mitologia do programa. O Big Brother Brasil não é apenas um reality show; é uma instituição televisiva, um fenômeno de identidade nacional. Retirar sua mente criativa justamente no momento de reafirmação desse legado foi uma decisão de uma estupidez atroz. Se o objetivo era renovar, a execução foi contraproducente: o que se viu foi uma temporada que jamais encontrou seu tom, oscilando entre tentativas desesperadas de viralização e dinâmicas que mais confundiam do que instigavam.
E não há mérito individual que corrija um erro estrutural. Dourado pode ser genial, mas nem ele – nem ninguém – conseguiria tapar o buraco deixado por Boninho da noite para o dia, sem uma transição adequada, sem um plano claro, sem um fio condutor que mantivesse a coesão narrativa do jogo. Se há algo que esta temporada do BBB provou, é que certas presenças são insubstituíveis. Quando se arranca a espinha dorsal de uma obra sem um sucessor à altura, o que resta é um corpo inerte, movido por espasmos de tentativa e erro.
Se o Big dos Bigs será lembrado na história do reality, será apenas como um alerta definitivo para a arrogância daqueles que subestimaram a importância de Boninho. E o público, sempre implacável, já decretou sua sentença: um BBB sem Boninho, ao menos neste momento, é um BBB fadado à irrelevância.