Alessandro Lo-Bianco

Lágrimas e fúria: o jogo que não se ganha no choro nem no grito

Será preciso muito mais para que Thamiris e Camilla se sustentem a partir de agora no jogo

Thamiris e Camilla
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Thamiris e Camilla


No Big Brother Brasil, tudo vira estratégia. Neste sábado, Guilherme venceu a prova do anjo e, sem hesitar, escolheu Tamiris para o castigo do monstro. Fantasiada de serpente, a sister não segurou as lágrimas e teve uma crise de choro. Mais um episódio previsível dentro da sua jornada no jogo: sempre que se sente atingida, Thamiris recorre ao pranto, esperando talvez sensibilizar os outros jogadores e o público. Mas será que essa tática ainda tem efeito?

Se por um lado Thamiris chora, por outro, Camila é muito temperamental. A participante não hesita em bater no peito e transformar qualquer contrariedade em uma demonstração de fúria sob argumentos de que está vigiando 24h para não ser mais grossa do que aparenta. Enquanto uma se vitimiza, a outra se impõe com agressividade. Duas faces de uma mesma moeda: a tentativa de reverter uma rejeição evidente no jogo. Ambas parecem não perceber que esses extremos não conquistam o público – pelo contrário, só reforçam as narrativas que as colocam como vilãs ou jogadoras intransigentes.


O BBB é, antes de tudo, um jogo de percepção. Não basta ser vítima ou justiceira; é preciso ser cativante. O público quer ver estratégia, evolução e inteligência emocional. A história do programa já mostrou que nem o choro excessivo nem os acessos de raiva são suficientes para virar um jogo quando a rejeição já está desenhada. Se Thamiris acha que suas lágrimas vão comover o Brasil, ela se engana. Se Camilla acredita que a força bruta a levará longe, também está errada.

O mais curioso é que ambas parecem não perceber que o que realmente pesa no jogo não são as emoções descontroladas, mas as relações construídas dentro da casa. Em um reality show onde cada ação é analisada e julgada pelo público, a forma como um participante lida com as adversidades diz mais sobre ele do que qualquer discurso de redenção. No caso de Thamiris e Camilla, a repetição de comportamentos só reforça a antipatia que muitos já sentem por elas.

No fim, o que resta é a certeza de que nenhuma delas sairá dessa edição como favorita. O público do BBB gosta de jogador, mas não de quem se afunda na própria dor ou na própria ira. Enquanto Thamiris chora e Camilla distribui seus xingamentos e patadas, o jogo segue sem elas perceberem que, para reverter um cenário negativo, é preciso muito mais do que emoções exageradas – é preciso estratégia. E isso, até agora, nenhuma das duas demonstrou ter de verdade.