
Há décadas no ar, Sônia Abrão construiu uma trajetória sólida e inquestionável na televisão brasileira. Seu nome é sinônimo de opinião forte, jornalismo afiado e credibilidade, conquistando o respeito do público e de seus colegas de profissão. Com uma carreira marcada pela coragem de dizer o que pensa, Sônia se tornou uma referência quando o assunto é crítica televisiva, estabelecendo sua marca registrada na comunicação.
É difícil encontrar um brasileiro que não conheça Sônia Abrão. Seu nome é reconhecido por cerca de 90% da população, um feito impressionante para qualquer comunicador. Mas seu impacto vai além dos números: ela representa a força feminina em um meio historicamente dominado por homens. Em um cenário onde as mulheres ainda enfrentam desafios para serem levadas a sério, Sônia se impôs com autenticidade e independência, provando que seu espaço na TV foi conquistado por mérito e talento a duras penas.
Neste Dia Internacional da Mulher, a apresentadora reflete sobre sua trajetória e sobre as barreiras que as mulheres ainda enfrentam na comunicação. Com seu olhar crítico, Sônia fala sobre machismo, preconceitos na mídia e a luta diária para que as mulheres sejam reconhecidas por sua competência, e não apenas por sua aparência. Sônia Abrão observa que, apesar da evolução, a igualdade de direitos ainda parece distante.
O Dia Internacional da Mulher celebra a luta por direitos e reconhecimento. Como você enxerga a evolução do espaço das mulheres na comunicação ao longo dos anos?
Sônia Abrão: Acho que evoluiu do século 20 para o 21, mas também acho que vai levar mais uns 100 anos para chegarmos a uma igualdade de direitos pra valer! Hoje, em qualquer área de atuação, mesmo ocupando cargos iguais aos dos homens, continuamos ganhando menos que eles! E esse é só um exemplo, o mais leve! O grosso dessa história fica por conta do machismo e da violência contra a mulher, que têm atravessado o tempo!!!
Mesmo com avanços, as mulheres na mídia ainda enfrentam barreiras que vão além do talento e da competência. Questões como aparência, etarismo e padrões impostos pela sociedade seguem sendo desafios para muitas comunicadoras. Sônia Abrão relembra sua própria trajetória e as dificuldades que teve que superar para se firmar no rádio e na TV.
Você acredita que as mulheres na mídia ainda enfrentam barreiras e preconceitos? Quais foram os maiores desafios que você já enfrentou como comunicadora?
Sônia Abrão: Claro que ainda enfrentamos preconceitos! Grande parte da mídia ainda pressiona as mulheres através de padrões de beleza, coloca a embalagem acima do conteúdo! E haja etarismo também! Envelhecer é pecado mortal! E tome botox pra sobreviver na profissão! É cruel! Da minha parte, enfrentei muito preconceito no rádio, época de matar um leão por dia mesmo! Cheguei a ouvir de um famoso comunicador que eu nunca daria certo comandando um programa, porque as mulheres só gostavam de ouvir voz de homem ao microfone! Teve que engolir, porque fui em frente e dei mais audiência que ele!
Ser mulher e expressar opiniões firmes na televisão sempre foi um desafio. Muitas vezes, quando um homem se posiciona com veemência, ele é visto como forte e assertivo. Quando uma mulher faz o mesmo, pode ser rotulada de arrogante ou exagerada. Sônia Abrão fala sobre como lida com esse tipo de julgamento e reafirma sua postura de sempre dizer o que pensa.
Muitas vezes, mulheres que opinam de forma firme na TV são rotuladas de forma negativa. Como você lida com esse tipo de julgamento e acredita que isso tem mudado ao longo do tempo?
Sônia Abrão: Acho que toda verdade tem seu preço! E sempre estive disposta a arcar com isso, do que abrir mão de falar o que eu penso! Costumo dizer que até meus erros são sinceros! Não tenho cabeça de aluguel e nem abro mão da minha essência!
O reconhecimento das mulheres na comunicação muitas vezes vem acompanhado de um esforço redobrado. Enquanto os homens frequentemente são vistos como referências naturais, as mulheres precisam provar sua competência repetidamente para serem levadas a sério. Sônia comenta essa desigualdade e a dificuldade de conquistar espaço em um ambiente que ainda é majoritariamente masculino.
O jornalismo e o entretenimento são áreas em que a credibilidade é essencial. Você acha que as mulheres ainda precisam provar mais sua competência do que os homens para serem levadas a sério?
Sônia Abrão: Não tenho dúvidas de que não adianta provar competência! A guerra é pelo poder e esse ainda continua com a parte masculina do mundo!
Para as novas gerações de mulheres que sonham em construir uma carreira na comunicação, os desafios ainda existem, mas a resistência e a coragem podem fazer a diferença. Sônia Abrão deixa um conselho inspirador para aquelas que querem seguir esse caminho, destacando a importância de acreditar no próprio sonho.
Para as mulheres que sonham em seguir carreira na comunicação, qual conselho você daria, especialmente no contexto de um mercado que ainda pode ser desafiador para elas?
Sônia Abrão: Não se submeter, acreditar que pode mais sempre, estudar, evoluir, se aprimorar, acompanhar o ritmo do mundo! E repetir todo dia o mantra de todas nós: “YES, WE CAN”. Sim, nós podemos!!!!
Com sua trajetória consolidada e sua voz inconfundível, Sônia Abrão segue sendo uma das figuras mais influentes da comunicação brasileira. Sua presença na TV é um lembrete de que as mulheres têm, sim, o direito e a capacidade de ocupar qualquer espaço que desejarem. No Dia Internacional da Mulher, sua história reforça que a luta por igualdade continua, mas também prova que a força feminina já transformou – e continua transformando – a mídia brasileira.