Alessandro Lo-Bianco

Brasil cansou do esvaziamento de pautas no reality show

Eliminações consecutivas de Camilla, Thamiris e Gracyanne provam que o público não tolera mais discursos vazios como estratégia de jogo

 Gracyanne Barbosa
Foto: Globo/Reprodução
Gracyanne Barbosa


As eliminações sucessivas de Camilla, Thamiris e Gracyanne no BBB 24 revelam uma mudança importante no comportamento do público de reality shows. O Brasil não apenas rejeitou as três participantes, mas também um velho truque que, no passado, poderia ter funcionado: o uso estratégico de pautas sociais sem embasamento real para conquistar simpatia.

Camilla e Thamiris, por exemplo, tentaram transformar sua rivalidade com Vitória em um debate racial, insinuando que a sister reproduzia comportamentos racistas. O problema? O público viu que isso não se sustentava. Vitória nunca teve falas ou atitudes que justificassem essa acusação, e a tentativa de encaixá-la à força nesse papel pegou mal. O que poderia ter sido uma discussão séria sobre racismo acabou soando oportunista e vazio.


Gracyanne seguiu a mesma linha, mas com outra pauta. Praticamente na véspera do Paredão, trouxe à tona um relato emocionante sobre fome, tentando mobilizar o público pela comoção. Só que a audiência já não cai mais nesse tipo de estratégia tardia. Não se trata de deslegitimar histórias de vida difíceis, mas sim de perceber quando um discurso surge de maneira conveniente para evitar a eliminação.

A verdade é que o público de reality show amadureceu. Se antes era mais fácil manipular a torcida com discursos dramáticos de última hora, hoje a internet possibilita que tudo seja revisto, analisado e desmentido em questão de minutos. A eliminação dessas três participantes consecutivamente prova que a audiência não se impressiona mais com quem tenta se apropriar de causas sérias sem coerência ou fundamento.

O BBB 24 deixa um recado claro: quem quiser conquistar o público precisará ser autêntico e consistente. O Brasil está atento e não aceita mais ser manipulado por pautas vazias. Quem tentar usar debates importantes apenas como estratégia de jogo vai acabar descobrindo, pelo telão de eliminação, que o público não perdoa.