Alessandro Lo-Bianco

Quem aprovou essa capa?

Arte do novo trabalho de Xuxa só para os baixinhos é divulgada. Sem falso moralismo, a capa é de péssimo gosto

Capa do novo trabalho
Foto: Reprodução
Capa do novo trabalho


Xuxa Meneghel anunciou recentemente o retorno do Xuxa Só Para Baixinhos, um de seus projetos mais icônicos voltados ao público infantil. No entanto, o que deveria ser uma celebração nostálgica acabou gerando um debate acalorado nas redes sociais. O motivo? A capa do novo trabalho, que apresenta a loira de uma forma que, à primeira vista, segundo os internautas, passa uma impressão 'estranha'. Sem falso moralismo, basta um olhar rápido para perceber que há um fundamento racional na opinião do público que desaprovou: uma escolha estética questionável, além de cafona.

O ponto central dessa discussão não deveria ser apenas a foto em si, mas sim o processo de aprovação de um material que, teoricamente, passa por diversas mãos antes de chegar ao público. Xuxa tem uma equipe numerosa e trabalha com uma gravadora de renome, a Som Livre. Como, então, uma escolha tão discutível foi aprovada sem que ninguém percebesse o problema? A impressão que fica é que houve um descuido na comunicação visual do projeto, o que é preocupante para um produto direcionado a crianças. Não que a foto seja um problema, mas com tantas opções, por que logo uma que, claramente, o público questionaria? Por que não uma foto que passasse longe deste tipo de debate?

Vale a pena correr esse risco em um mundo onde as fronteiras entre conteúdos infantis e adultos estão cada vez mais bem definidas? O marketing, em especial o voltado para o público infantil, exige um cuidado extremo, pois qualquer deslize pode ser mal interpretado. A Xuxa, com toda sua história e experiência, certamente entende isso. Então, qual foi a lógica por trás dessa decisão? A capa pode não ter sido pensada para causar polêmica, mas, ao fim, foi exatamente isso que aconteceu.

Além da questão da adequação, há outro fator inegável: a estética duvidosa da imagem. Mesmo que se ignore a ambiguidade da foto, o resultado final não parece à altura da trajetória de um projeto tão relevante. O visual cafona, desatualizado e sem um conceito claro enfraquece a identidade do Xuxa Só Para Baixinhos, que sempre se destacou pela sua proposta lúdica e vibrante. Um material infantil precisa ser, antes de tudo, convidativo e alinhado ao universo das crianças.

No fim, a grande questão permanece: quem aprovou essa capa? Se houve um erro de concepção, alguém deveria ter identificado e corrigido antes da divulgação. Se a escolha foi proposital, qual foi a estratégia por trás dela? O retorno de um projeto tão querido poderia ter sido celebrado de forma mais cuidadosa, sem abrir espaço para questionamentos desnecessários. Afinal, em tempos de debates intensos sobre o que é apropriado ou não para diferentes públicos, certas polêmicas poderiam – e deveriam – ser evitadas.