Alessandro Lo-Bianco

Neto planta um triplex na cabeça de Neymar

Ao passar o dia fazendo posts sobre o Batman, Neymar expõe sua fragilidade emocional diante da briga com Neto

Neymar
Foto: Reprodução/Internet
Neymar


A cena é conhecida, quase repetitiva: Neto critica Neymar, desta vez ironizando o desempenho do jogador e zombando do fato de ele ter aparecido com uma camisa do Batman. O jogador respondeu chamando Neto de 'falastrão', que por sua vez apresentou números, provocou com o deboche característico, e, como já era de se esperar, Neymar respondeu. Mas a resposta foi além do comum — uma verdadeira sequência de publicações exaltando o herói da DC, quase como se fosse necessário convencer o mundo de que, sim, ele é fã do Batman. Foi nesse ponto que a crítica saiu do campo esportivo e entrou no psicológico.

O que se viu ali não foi apenas um jogador rebatendo uma piada. Foi um dos atletas mais bem pagos e conhecidos do planeta deixando-se afetar profundamente por uma provocação feita na televisão aberta. Em vez de ignorar ou reagir com humor, Neymar caiu com força na pilha. O resultado? Um desgaste desnecessário e uma exposição emocional que beira o constrangimento. Para alguém que já disputou Copa do Mundo, Liga dos Campeões e foi cotado ao prêmio de melhor do mundo, é pouco — ou demais, dependendo do ponto de vista.


A inteligência emocional é uma virtude essencial para qualquer profissional de alta performance, e isso vale ainda mais para o universo do esporte, onde a pressão é constante e o julgamento público faz parte do jogo. Saber filtrar críticas, selecionar batalhas e não se deixar consumir por provocações deveria estar no manual básico de um atleta de elite. O que Neymar demonstra, no entanto, é que ainda não alcançou esse domínio emocional — e isso custa caro, não só em imagem, mas em foco e produtividade.

Há uma diferença entre ter personalidade e ser reativo. O primeiro constrói; o segundo desgasta. E Neymar, ao reagir com tanta intensidade a uma crítica  mostra que ainda se deixa levar por vaidades e necessidade de aceitação — mesmo quando essa aceitação vem de quem claramente não o admira.

O tempo que gastou provando ser fã do Batman poderia ter sido direcionado a outras causas: treinar, recuperar-se de lesão, silenciar com performance u apresentar projetos sociais do Instituto Neymar. Acredito que a visibilidade da fundação não deva vir apenas uma vez por ano, com a realização do leilão. Mas não. O impulso venceu o menino Ney caiu na pilha.

Talvez o maior problema não seja o Neto plantar um “triplex” na cabeça de Neymar. O problema é que o Neymar ainda disponibiliza o terreno. Ainda há espaço, disposição e energia para se abalar com algo que, francamente, deveria passar batido. Não se trata de aceitar tudo calado, mas de entender que o silêncio, muitas vezes, é mais estratégico do que uma enxurrada de postagens no Instagram. Especialmente quando se ocupa o lugar — e o salário — de uma superestrela global.

Neymar precisa entender que o mundo, especialmente o esportivo, não vai poupar ninguém. Muito menos ele. E se quiser ser lembrado como algo além de um talento desperdiçado, vai precisar desenvolver mais do que o físico e a técnica. Vai precisar cultivar inteligência emocional. Porque, enquanto ele estiver ocupado demais respondendo ao Neto, o tempo — e a carreira — seguem passando.