
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, em uma demonstração de seletividade alarmante, cassar o mandato do deputado Glauber Braga. A acusação? Atitudes que, segundo o Conselho, feriram o decoro parlamentar. Entretanto, o mesmo órgão mantém intocado o mandato de Chiquinho Brazão, atualmente preso sob a acusação de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco. Que tipo de ética é essa que pune palavras, mas ignora ações ligadas a crimes hediondos?
Glauber Braga, conhecido por sua postura combativa e por dar voz a pautas populares, tornou-se alvo de um Conselho que parece mais preocupado em silenciar dissidências do que em preservar a moralidade parlamentar. Sua cassação não é apenas um ataque a um indivíduo, mas um recado claro de que a independência e a coragem são qualidades indesejadas na política brasileira.
Por outro lado, Chiquinho Brazão, mesmo encarcerado sob graves acusações, continua a desfrutar dos benefícios e do salário de deputado federal. A mensagem transmitida é cristalina: para o Conselho de Ética, levantar a voz contra o sistema é mais condenável do que estar envolvido em um assassinato político. Essa inversão de valores não apenas desmoraliza o próprio Conselho, mas também envergonha a instituição que deveria zelar pela ética e pela justiça.
O que dizer de um país onde a ética parlamentar é utilizada como ferramenta de perseguição política? Onde a conveniência política sobrepõe-se à justiça e à moralidade? O Conselho de Ética, ao agir dessa maneira, não apenas trai sua função primordial, mas também contribui para o descrédito generalizado nas instituições democráticas.
A sociedade brasileira não pode permanecer inerte diante de tamanha afronta. É imperativo questionar e cobrar coerência daqueles que se arvoram como guardiões da ética. Se Glauber Braga é cassado por suas palavras e posições, como justificar a manutenção dos privilégios de um parlamentar preso por envolvimento em um assassinato? A seletividade e a hipocrisia evidenciadas por essas decisões são inaceitáveis e merecem o repúdio de todos que prezam pela justiça e pela verdadeira ética.
O Conselho de Ética precisa urgentemente redefinir seus critérios e prioridades. Caso contrário, continuará a ser visto não como um bastião da moralidade, mas como um instrumento de conveniência política, pronto para punir desafetos e proteger aliados, independentemente da gravidade de seus atos. A ética seletiva não é ética; é apenas mais uma face da corrupção que corrói as instituições brasileiras.