Alessandro Lo-Bianco

A Sinfonia do tédio: a pior edição desafinou até na noite final

Entre apresentações sem afinação e roteiros sem alma, BBB 25 encerra com um silêncio ensurdecedor: aquele do fracasso não assumido

Tadeu
Foto: Reprodução/Globo
Tadeu


A final do Big Brother Brasil 25 poderia ter sido um grande espetáculo. Um encerramento digno de aplausos, lágrimas e alguma comoção coletiva. Em vez disso, o que se viu foi uma sequência de eventos apáticos, embalados por vozes trêmulas no palco e um roteiro que parece ter desistido de si mesmo. Tadeu Schmidt, com um discurso final anêmico, praticamente lavou as mãos diante de um público que já havia se retirado emocionalmente semanas antes.

É sintomático — e quase cruel — que a metáfora sonora da noite tenha sido a desafinação gritante de alguns artistas  para compor o que deveria ser um clímax televisivo. Como se o programa dissesse, com ironia involuntária: se a edição foi desafinada do começo ao fim, por que não manter a coerência até os créditos finais? A dissonância foi total, e não apenas nas notas musicais.


Não houve narrativa. Não houve embate memorável. Não houve sequer uma trajetória de superação digna de recontagem. Em outras palavras, não houve BBB. O que se assistiu foi um experimento falho de edição, um Frankenstein de personalidades incompatíveis, histórias que não se encontraram e um público que, com razão, cansou de esperar por algo que nunca veio. A vitória de Renata, ainda que justa dentro do vácuo narrativo que se estabeleceu, chega sem peso, sem lágrimas, sem catarse.

A música ruim, nesse contexto, não é só trilha sonora: é alegoria. Cada nota fora do tom, cada melodia mal resolvida, cada refrão que não empolgou refletiu o estado geral do programa — uma produção que perdeu a harmonia com seu público, com sua proposta e, pior, com sua própria essência. O BBB sempre viveu de contrastes, tensões e resoluções dramáticas. Este ano, nada disso existiu. O 

A tentativa de compensar a ausência de emoção com apresentações musicais foi não só ineficaz, mas contraproducente. A plateia — tanto no estúdio quanto em casa — pareceu se ver diante de um show de talentos que ninguém havia solicitado. O clima era constrangedor, quase burocrático, como uma reunião de encerramento de semestre de um cursinho de teatro amador. A única certeza é que ninguém ali sairá assobiando nenhuma das canções.

Ao final, fica a sensação de que o BBB 25 desafinou em tudo o que podia desafinar: na escala narrativa, no tom emocional, no ritmo das dinâmicas, e até mesmo — literalmente — no palco. Um reality que já moveu multidões terminou seu ciclo deste ano sem deixar sequer um refrão marcante. Resta à Globo revisar urgentemente sua partitura para que, em 2026, o público possa voltar a dançar no compasso certo. Porque desta vez, a música parou — e ninguém sentiu falta.

O motivo? Tão óbvio, que nem carece comentar.