
Nos bastidores da Globo, comenta-se com entusiasmo o nome de Fábio Porchat. Entre os muitos projetos apresentados recentemente à emissora — incluindo propostas de nomes de peso como pilotos propostos por Fátima Bernardes e Márcio Garcia — poucos conseguiram romper a barreira do previsível.
O projeto de Porchat, no entanto, não apenas segue firme com louvor, como despertou interesse imediato em se manter o projeto vivo com temporadas inéditas na TV aberta por um bom tempo. E há um motivo claro: executivos avaliam que ele conseguiu fazer diferente, mesmo dentro de um formato conhecido.
O talk show, gênero tão explorado quanto desgastado, muitas vezes se torna uma sequência de perguntas previsíveis com respostas ensaiadas. Mas o que Porchat apresentou foi uma versão renovada desse formato, com dinâmicas que fugiram do óbvio e criaram espaço para que os convidados também se sentissem convidados a pensar, rir, improvisar e se mostrar além do personagem. É um mérito raro: oferecer conforto ao entrevistado sem cair na monotonia.
Essa habilidade de sair do lugar-comum não é nova na carreira de Porchat, mas ganha contornos ainda mais relevantes neste momento em que a televisão aberta busca se reinventar. Ainda de acordo com fontes do canal, seu olhar para o entretenimento é, ao mesmo tempo, generoso e afiado. Ele sabe onde está o humor, mas também onde está o afeto — e talvez esteja aí a chave do seu sucesso: uma escuta que não quer apenas provocar risos, mas conexão.
É compreensível, portanto, que a Globo enxergue em Porchat um trunfo criativo. Enquanto outros projetos pareciam preocupados em se adequar ao que já funcionou, o dele ousou experimentar o que ainda pode funcionar. Em um ambiente onde “dar certo” muitas vezes se confunde com repetir fórmulas, Porchat provou que inovação não é sobre gritar mais alto — é sobre escutar melhor, propor diferente, rir com inteligência.
Se ele está feliz com o reconhecimento interno, que esteja ainda mais ao ler isso: seu trabalho é importante. Não apenas porque diverte, mas porque sinaliza caminhos novos para um meio que precisa urgentemente reaprender a dialogar com o público. Que venham novas temporadas — e que venham com a mesma coragem de continuar saindo do óbvio.