Flay não é mais apenas uma ex-BBB que se arriscou na música. Sua apresentação na final do Big Brother Brasil foi mais uma prova viva de que seu talento vocal é algo que merece atenção. Com um tom acima dos demais artistas da noite, com todo respeito aos demais, Flay mostrou de novo a potência rara da sua voz, reafirmando o que muitos já haviam percebido em sua vitória no “The Masked Singer Brasil”: ela é uma intérprete de respeito.
No entanto, por mais respeito que sua voz imponha, ainda paira uma sensação de que Flay está aquém do que poderia ser em sua trajetória musical. Ela canta como poucos no cenário pop atual, mas carece de um repertório autoral que se conecte com a grandiosidade de sua voz. Falta-lhe, talvez, um projeto que traduza sua identidade musical de forma genuína, fugindo dos modismos passageiros e valorizando sua assinatura artística.
É inevitável sentir um certo pesar ao ver talentos assim navegando em mares rasos. Há inúmeros fatores que explicam esse desalinhamento — desde as dificuldades do mercado fonográfico até as escolhas de produção e direção artística, e muitas vezes, talvez, o temperamento do próprio artista. Mas a crítica aqui não busca apontar culpados, e sim acender uma reflexão: o momento de Flay construir um caminho que a represente de fato é agora.
Sua potência merece músicas autorais que a desafiem e a elevem, não apenas em performances pontuais, mas em uma obra consistente, que conte sua história e ressoe em quem a escuta. Flay já mostrou ao Brasil que sabe cantar; agora, falta mostrar quem ela é, através de canções que estejam à altura de sua grandeza vocal.
O palco foi generoso ao lhe dar novas oportunidades de brilhar. Mas, o que este colunista gostaria, particularmente, era vê-la dar um passo na carreira em que sua voz e sua essência finalmente caminhem lado a lado, para que o talento que tanto admiramos ocupe, enfim, o espaço que merece.