
A TV Globo viveu um dos períodos mais delicados de sua história recente. A emissora, que por décadas ditou os rumos do entretenimento e da informação no Brasil enfrentou uma sequência de crises que expuseram fragilidades antes impensáveis. No esporte, perdeu os direitos de transmissão de parte do futebol e da Fórmula 1. No entretenimento, viu suas novelas perderem qualidade e relevância, o “Fantástico” enfrentar críticas recorrentes e o “Big Brother Brasil” entrar em desgaste profundo. Internamente, somaram-se conflitos de gestão, disputas de ego e uma clara ausência de pulso firme no comando criativo e operacional da casa.
Foi nesse vácuo de liderança que surgiram situações graves: apresentadoras de programas matinais que passaram a ditar as próprias regras em desacordo com a direção da emissora, sets de gravação sem comando efetivo, negociações travadas por meses sem desfecho — como o caso do especial de Roberto Carlos, que desde dezembro aguardava resolução. O desgaste chegou ao ponto de culminar na saída de executivos como José Mariano Boni, escancarando a urgência de uma reformulação estrutural.
De acordo com fontes do canal, faltava alguém com voz ativa, autoridade natural e visão estratégica para recolocar a casa em ordem. A resposta a essa demanda veio com a volta de Carlos Henrique Schroeder ao Conselho da Globo, movimento que ganhou repercussão nas últimas 24 horas e recebido como um verdadeiro ponto de virada. Schroeder, que já ocupou o cargo de diretor-geral da emissora e foi responsável por implantar o Globoplay, além de liderar projetos premiados internacionalmente, retorna agora com carta branca da família Marinho para intervir onde for necessário. E não há dúvidas: há muito o que reestruturar.
Sua gestão no passado foi marcada por rigor, profissionalismo e, acima de tudo, resultados. Com sua liderança, a emissora viveu um dos períodos mais organizados e criativos das últimas décadas. Não é à toa que seu retorno é lido como uma tentativa clara e direta de recuperar o protagonismo perdido e recolocar a Globo no topo das decisões estratégicas e artísticas da indústria audiovisual brasileira.