Alessandro Lo-Bianco

Interferir ou não interferir? Educação permissiva ou repressiva?

Eduardo Casarotto, psicanalista, responde: "Nem repressiva, nem permissiva. Passando virtudes."

Eduardo Casarotto
Foto: Reprodução Instagram
Eduardo Casarotto


A recente polêmica envolvendo Angélica e seu filho Benício Huck, após uma briga pública entre a namorada dele, Duda Guerra, e outra influenciadora, reacendeu uma discussão delicada: até que ponto os pais devem interferir nos conflitos dos filhos adolescentes? Angélica se manifestou, desativou comentários e tentou conter a repercussão, mas sua atitude dividiu opiniões e levanta uma questão central da parentalidade contemporânea — interferir ou não interferir? Educar com mão pesada ou deixar que a vida ensine? Nenhuma dessas opções, por si só, parece suficiente.

Em vez de oscilar entre repressão e permissividade, especialistas apontam que o melhor caminho está na educação para as virtudes. O psicanalista Eduardo Casarotto, criador da Virtologia, propõe uma abordagem baseada no desenvolvimento de qualidades humanas como humildade, paciência, responsabilidade e empatia. “As virtudes fortalecem nossa mente e emoções”, afirma ele, ressaltando que o papel dos pais é oferecer referências morais que ajudem os filhos a navegar por seus próprios dilemas.

Casarotto alerta que a ausência de virtudes na formação emocional dos jovens pode levar à impulsividade, falta de empatia e dificuldade para lidar com frustrações. “A falta de virtudes está fazendo uma geração inteira adoecer emocionalmente”, afirma o psicanalista. Em tempos de exposição digital e relações frágeis, esses valores se tornam ainda mais necessários como bússola para o amadurecimento.

Em vez de resolver tudo por eles, os pais devem orientar, ouvir, dialogar e confiar na própria formação que ofereceram. Casarotto reforça que muitos adultos não foram ensinados a cultivar virtudes, e por isso têm dificuldade de transmiti-las. “Os pais não estão preparados para ensinar virtudes”, diz ele, defendendo o uso de ferramentas que auxiliem famílias nesse processo contínuo e desafiador de educar com propósito.

- Em um mundo onde a vida íntima pode virar manchete em segundos, o maior presente que pais podem dar aos filhos não é proteção total, nem liberdade irrestrita — é estrutura emocional e moral. Reprimir demais sufoca, permitir demais desorienta. Ensinar virtudes é preparar para a autonomia com consciência. Interferir, sim — mas com sabedoria. Guiar, sem tomar o leme. Porque, no fim das contas, é isso que torna um adolescente capaz de escolher seus próprios caminhos - diz Casarotto.