
Foi um espetáculo grotesco, uma encenação barata e embaraçosa que, se não fosse trágica, beiraria o humor involuntário. A chamada “CPI das Betes”, que deveria ser um espaço de apuração e seriedade, revelou-se uma vitrine de vaidades e tietagem vergonhosa. Quando parlamentares que deveriam conduzir um processo investigativo aproveitam a presença de Virgínia Fonseca para pedir fotos e vídeos como fãs em camarim de show, vídeos aos familiares, o Brasil assiste não a um ato democrático, mas a uma ópera bufa encenada por atores de quinta categoria.
A sessão desta segunda-feira (13) não foi uma CPI. Foi uma confraternização indecente entre o poder e a influência digital. Assisti estupefato aos elogios constrangedores, sorrisos de canto a canto e celulares em punho. Não havia ali um resquício de imparcialidade, tampouco seriedade. Talvez uma parlamentar, ou quem sabe duas. Mas, no geral, era o Congresso Nacional transformado em backstage de influencer. Parlamentares que se ajoelham para uma celebridade não têm estatura moral para conduzir uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
O mais escandaloso, porém, foi a cena de deputados e deputadas pedindo vídeos personalizados para familiares — uma espécie de brinde indecoroso, pago com o crédito que eles não têm. Como alguém pode, com um mínimo de decência, achar que está investigando algo enquanto sorri para a câmera com a investigada do dia? Essa é a institucionalização da vergonha. O Brasil não assistiu a uma CPI, mas à consagração de uma bancada de fãs. A CPI da tietagem descredibilizou não apenas os envolvidos, mas a própria ideia de investigação parlamentar.
O que vimos hoje foi a prova definitiva de que esses parlamentares não têm a menor credibilidade para conduzir nada que envolva apuração, fiscalização ou justiça. Eles reafirmaram o que o povo já sabe há tempos: que são especialistas em fabricar pizza, não em buscar verdades. A CPI da Virgínia não vai acabar em pizza, ela já nasceu assada. E foi servida, quente, no prato fundo da vergonha nacional.