
Não é sempre que o jornalismo televisivo alcança o patamar de uma cátedra pública, mas foi exatamente isso que aconteceu na noite de ontem, quando Marcelo Lins conduziu a cobertura do conflito entre Israel e Irã na GloboNews. Em um momento em que o ruído das opiniões apressadas tende a sufocar a compreensão dos fatos, Lins entregou uma verdadeira aula, digna de um seminário internacional. Com precisão, profundidade e uma didática rara, ele entrelaçou os fios históricos, religiosos e geopolíticos que explicam a escalada entre Teerã e Jerusalém.
O mérito de Marcelo Lins não está apenas na erudição, que é evidente, mas na sua habilidade de tornar acessível um contexto densamente complexo, sem jamais simplificá-lo de maneira leviana. Do Império Persa aos Acordos de Abraham, da Revolução Islâmica de 1979 aos interesses estratégicos das potências globais, não é possível" Já escutei Marcelo esclarecer de tudo um pouco. Na verdade, um pouco de muito! Cada referência ontem foi inserida com clareza e responsabilidade. Não houve espaço para slogans, apenas para fatos organizados com elegância e espírito crítico, como se estivéssemos diante de um professor comprometido com a formação de seus alunos, neste caso, os telespectadores.
Para quem atua no campo do Direito Internacional, assistir à edição da meia-noite da GloboNews foi mais do que se informar com Marcelo; foi revisitar marcos teóricos e históricos sob a mediação de alguém que compreende a diplomacia não como jogo de forças abstratas, mas como expressão de culturas, traumas e visões de mundo. Lins não se limitou à narrativa dos ataques e contra-ataques: ele devolveu densidade histórica à cobertura de um conflito que, sem contexto, corre o risco de ser reduzido a manchetes vazias.
A televisão brasileira, tantas vezes criticada por seus vícios e superficialidades, foi ontem palco de excelência intelectual. Marcelo Lins mostrou que o bom jornalismo internacional ainda pode cumprir o papel nobre de formar cidadãos conscientes da complexidade global. Como amante do assunto, devo registrar: foi uma aula. Como cidadão, apenas agradecer. Que mais coberturas como essa possam iluminar nossas noites e nossas consciências. Parabéns, Marcelo.