
Se antes o Encontro estava na UTI, com a saída de José Mariano Boni, agora entrou em estado de emergência. A crise nos bastidores do matinal da Globo chegou a um novo marco: a saída de Alexandre Mattoso e Mira Silva, dois nomes considerados peças-chave e "testas de ferro" nos bastidores da atração. As demissões aconteceram no último dia 1º de julho e foram recebidas com comoção interna, choro e ranger dos dentes nos bastidores. Ambos haviam deixado suas cidades (Mattoso, o Rio; Mira, Salvador) para se dedicar ao programa, e a forma abrupta com que deixaram o canal da noite para o dia gerou desconforto e críticas dentro da emissora.
Com isso, chega a três o número de diretores desligados do Encontro num intervalo de poucos meses, o que amplia a percepção geral interna de uma espécie de esvaziamento silencioso do programa. A avaliação de fontes seguras dentro da Globo é de que a atração, desde a polêmica saída de Manoel Soares, não conseguiu mais se conectar com o público, nem recuperar a força comercial que possuía sob o comando de Fátima Bernardes. Apesar de tentativas de reformulação, como transmissões em outros estados e aproximação com a plateia, o “match” simplesmente não acontece mais.
Ainda de acordo com fontes ligadas à direção de contratos do canal, a direção da Globo, no entanto, parece mirar trocas táticas até evitar um diagnóstico preciso, que preferem não enxergar por hora. Fontes relatam que as mudanças nos bastidores funcionam quase como uma “dança das cadeiras”, enquanto o verdadeiro problema, o distanciamento da audiência, continua sem solução. A frase mais ouvida nos corredores é que “a Globo se recusa a enxergar o óbvio”. A insatisfação não é só com os números: ela é emocional, especialmente entre os que viram colegas leais e combativos serem desligados sem que houvesse uma defesa interna por parte da alta cúpula.
O desgaste remonta ao episódio envolvendo Manoel Soares, cuja saída foi cercada de ruído e acusações públicas nos bastidores, marcando o início de uma fase turbulenta para o programa. Desde então, ainda de acordo com fontes do executivo do canal, o que se observa é um Encontro cada vez mais esvaziado de sentido, audiência e prestígio. O nome ainda está na grade, mas o espírito da atração parece ter se perdido. A frase “o programa está sangrando” foi ouvida com frequência nas últimas semanas, e não como metáfora poética, mas como constatação operacional.
O que se desenha é um cenário de desmontagem a curto prazo. Ainda que não exista um anúncio oficial, fontes ligadas ao setor de Programação indicam que mudanças mais profundas nas manhãs da Globo já estão sendo desenhadas, e o Encontro, nesta equação, pode não resistir a mais uma troca de curativo. Neste momento, o programa ainda respira, mas internamente, ninguém esconde: o pulso está fraco e uma reunião foi marcada na próxima semana para discutir o futuro da atração.