Alessandro Lo-Bianco

Dona Ruth e o silêncio que continua ecoando depois do Fantástico

Programa terminou, reportagem foi ao ar, mas a expectativa por respostas permaneceu

Dona Ruth e Murilo Huff com Leo
Foto: Reprodução Instagram - 24.6.2025
Dona Ruth e Murilo Huff com Leo


O Fantástico deste domingo chegou ao fim e, como muitos brasileiros, eu permaneci ali, na sala escura, com o controle remoto na mão e a expectativa no coração: “Será que, agora, Dona Ruth vai falar?”. Mas ela não falou. O programa passou, a reportagem exibiu memórias, mostrou passos do processo, depoimentos oficiais e detalhes novamente sobre como a vida de Marília chegou ao fim. Mas, na minha opinião, o que mais fez falta foi a voz da dona Ruth. A ausência de suas palavras ecoou mais alto que qualquer trilha sonora.

É compreensível que a dor tenha seu próprio tempo. É legítimo que uma mãe guarde para si o luto que não quer, ou não consegue dividir com o mundo. Mas, ao mesmo tempo, Dona Ruth se tornou, nos últimos meses, por escolha própria, uma figura pública. Virou ícone na internet, sobretudo nas redes sociais. Diante disso, a pergunta que fica é: quando alguém ocupa esse lugar simbólico, por escolha ou pelas circunstâncias, não deve algo a esse mesmo público?

Porque, para além da comoção, há perguntas em aberto. Há ruídos. Há contradições nas versões dadas à imprensa. Há um pai, um filho, uma avó, um Brasil que acompanha tudo de perto, do amor à tragédia. E é justamente por isso que o silêncio de Dona Ruth já não é só luto: é uma lacuna num enredo nacional que ainda precisa ser fechado. Quando uma história mobiliza o país inteiro, o silêncio dos protagonistas confunde e inquieta.