Alessandro Lo-Bianco

No auge e além: Tatá Werneck superou seu próprio talento

Mesmo já consagrada e no auge da carreira, apresentadora conseguiu ficar ainda melhor nessa temporada

Tatá Werneck
Foto: Reprodução
Tatá Werneck


Vamos ser siceros: em tempos de talk shows padronizados, Tatá Werneck surge nesta temporada de Lady Night como um fenômeno raríssimo: alguém que, mesmo no ápice de sua carreira, continua escalando degraus de maturidade televisiva. Prova disso é a qualidade inegável dos entrevistados: personalidades que poucos programas conseguem reunir e conduzir com leveza, inteligência e profundidade ao mesmo tempo.

Nesta temporada, ela não apenas trouxe esses convidados ao sofá, mas os fez prosperar no seu universo particular; um feito notável para qualquer formato de entretenimento. Parte dessa evolução reside justamente na destreza técnica da condução. Tatá reinventou o timing, o ritmo das conversas e o equilíbrio entre humor, vulnerabilidade e ousadia. A própria apresentadora disse que “superou o medo” ao entrevistar seu marido, o ator Rafa Vitti, detalhe que exala um autoconsciente refinamento: de quem sabe transformar fragilidade em performance generosa . Esse refinamento, somado à sua naturalidade ímpar, eleva o programa a um patamar quase raríssimo em talk shows contemporâneos: o da autenticidade tecnicamente sofisticada. Desculpe a oposição, mas Talkshow esse ano, é da Tata disparado.

Digo isso porque assisti todas as temporadas. Mas essa, Tatá conseguiu deixar muito excelente o que já era excelente. E não foi só técnica: a capacidade de manifestar emoção real sem perder a leveza tem sido um trunfo desta temporada. Ao revisitar memórias difíceis, como o término de uma relação abusiva comovidamente recontada, e muito mais, Tatá conecta o humor ao humano com uma fluidez rara . Esse tipo de entrega não apenas reafirma sua voz como entrevistadora, mas também aprofunda a empatia do público com o programa, criando um diálogo afetivo que transcende a inteligência do formato.

A atual temporada ainda impressiona por uma execução quase épica da produção, mesmo sob limitações pessoais dramáticas. E é preciso lembrar que essa temporada é resultado de tantas outras, que foram amadirecendo e melhorando cada vez mais. É preciso ver a obra completa; Tatá gravando lá atrás enquanto lidava com enjoos intensos da gravidez,  em cenas cotidianas como sentar-se com um balde sob a mesa por causa das náuseas. Na boa... Tatá tem conseguido manter uma autenticidade única a cada episódio. É como se o programa tivesse engravidado junto com ela, e o filho não para de crescer numa velocidade que chama atenção.

Por que eu estou dizendo tudo isso. Porque acho muito bonito observar o trabalho de alguém que, mesmo tendo atingido o auge, ainda assim consegue avançar além dele. E esse alguém é, sem dúvida, Tatá Werneck.

Sua temporada atual de Lady Night não é apenas um programa de entrevistas: é uma aula sobre como escalar a própria excelência com graça, técnica e coragem. Em um momento em que evoluir é um verbo raro na televisão, ela o conjuga com maestria, e nos presenteia com a versão mais empoderada, mais completa e, surpreendentemente, ainda mais ousada de si mesma. O que já era bom, voltou melhor ainda.