Alessandro Lo-Bianco
Exclusivo

Nunca é sorte: André Coelho se firma na bancada da GloboNews

Conheci André há 15 anos, num sol de 40 graus, numa rua deserta em Duque de Caxias, registrando defunto no asfalto

André Coelho
Foto: Reprodução Instagram
André Coelho

Tenho acompanhado com alegria o trabalho de André Coelho à frente de algumas edições dos telejornais da GloboNews. Sempre que o vejo no vídeo, conduzindo com firmeza e elegância a apresentação, me lembro imediatamente de um encontro que tivemos há mais de dez anos, em uma rua erma de Duque de Caxias. Era fevereiro, fazia quase 40 graus, e nós dois, cada qual pelo seu veículo, estávamos ali para cumprir uma pauta dura: registrar a morte de um ladrão que havia tentado assaltar um policial e foi abatido em legítima defesa com dois tiros: um na cabeça e outro no pescoço. Eu, repórter do Jornal O Dia; ele, já no Sistema Globo de Rádio. Cenário quente, asfalto incandescente, e um ofício que não nos permitia vacilos, nem risos.

Naquele tempo, nada daquilo parecia extraordinário. A cobertura policial era rotina, e sabíamos que no dia seguinte a pauta não seria muito diferente. Fazíamos parte da chamada “editoria geral”, o famoso “faz tudo” do jornalismo, o 'Jupol' (jornalismo policial) que nos levava da tragédia ao improviso com uma rapidez quase cruel. Mas, olhando para trás, vejo como esses momentos forjaram a fibra, a resiliência e a precisão que hoje transparecem no trabalho do André.

Quem liga a televisão e o assiste na GloboNews talvez não imagine o quanto de suor, pressa e pressão existe por trás daquela imagem tranquila no ar, no ar condicionado, terno e gravata. Está bonito, meu amigo! Mas, não imaginam as madrugadas frias, os dias tórridos, os prazos insanos, a disputa por espaço e, sobretudo, a persistência silenciosa em não desistir da profissão quando o salário mal passava um 'tiquinho' do salário mínimo. E se passava... E é exatamente isso que me emociona: porque sei que nada do que alguns profissionais e colegas têm conquistado, caíram do céu.

Ver André hoje, sólido, confiante e merecedor do lugar que ocupa, é como assistir a um filme em que conhecemos o início da trama. É sentir orgulho não apenas do colega, mas do amigo que caminhou junto no mesmo chão duro da reportagem, onde poucos reconhecem, mas todos aprendem. A estrada foi longa, cheia de pedras e de pautas ásperas, mas ele a percorreu com dignidade e talento.

E talvez seja essa a maior beleza da vida: perceber que estamos envelhecendo não apenas pelo espelho, mas pelo sucesso dos que nos cercam. Quando olhamos para trás e vemos os que dividiram conosco o calor do asfalto, e hoje os vemos iluminados pela luz de um estúdio, entendemos que o tempo não passa em vão. Nada é gratuito, nada acontece por acaso. Cada conquista é fruto de uma luta, e André Coelho é a prova viva de que merecimento e perseverança são as maiores credenciais de um jornalista.