Alessandro Lo-Bianco

Narcisa não enxerga o próprio espelho

Ingratidão e ilusão: socialite não pescou a importância de Barnabé para sua relevância atual. E há motivos...

Narcisa critica Tiago Barnabé por usar seu nome em comerciais
Foto: Reprodução/Instagram/@narcisat
Narcisa critica Tiago Barnabé por usar seu nome em comerciais


Narcisa Tamborindeguy deu declarações em um podcast de humor que expuseram sua revolta com Tiago Barnabé, intérprete da personagem cômica inspirada nela. A socialite disse acreditar que o humorista não deveria fazer publicidade utilizando a “Narcisa” de seu repertório, mas apenas como Tiago. A crítica, no entanto, revela mais sobre sua dificuldade em enxergar a realidade do que sobre o trabalho do artista. É preciso colocar Narcisa no devido lugar: ninguém deixa de contratar a figura pública Narcisa real para apostar no humor de Barnabé. As marcas que procuram Tiago o fazem por ele, não por uma concorrência com a socialite, e ainda dizem que gostariam de fazê-la sendo Narcisa ou qualquer outro personagem. E que, mesmo que ele não aceite fazer de Narcisa, de forma alguma procurariam a 'genérica'.

O que Narcisa parece esquecer é que, se hoje ainda circula em campanhas milionárias, isso se deve justamente à projeção que Tiago deu ao seu nome. O exemplo mais emblemático, e que a própria vai ficar sabendo pela coluna, é o contrato com a Ipiranga. A marca procurou Barnabé para uma publicidade, e foi ele quem sugeriu e indicou a própria Narcisa, abrindo mão de fazer a ação. A ideia do mote “a nossa não é genérica” só levou milhões a conta da socialite, só chegaram lá, porque ele abriu espaço. Sem o humorista, a chance de Narcisa conseguir campanhas desse porte beira o inexistente. É zero. Seria nula.

Há outro ponto igualmente negligenciado. Narcisa não acompanha com o trabalho de Barnabé no Domingo Legal, mas ali, semanalmente, ele utiliza seu espaço abrindo e encerrando sua participação pedindo doações para o Brasil todo ao lar fundado pela socialite, o Lar de Narcisa. Graças a essa vitrine nacional, que se arrasta há anos, o instituto mantém uma fonte constante de apoio e recursos semanalmente, e, no entanto, nenhum agradecimento público foi registrado. A ingratidão soa como se fosse obrigação, quando, na verdade, trata-se de um gesto generoso que mantém de pé parte da obra social que leva seu nome.

O terceiro ponto: quem conhece a personalidade de Narcisa sabe que suas oscilações de humor não são novidade. É provável que, em questão de dias, ela volte atrás e peça desculpas, como já fez em situações anteriores. Ainda assim, é necessário refletir sobre o tamanho do equívoco. Atacar Barnabé por utilizar a personagem é cuspir no prato que mantém viva sua presença no imaginário popular e no mercado publicitário. A figura pública Narcisa só sobrevive porque a “Narcisa de Tiago” ainda diverte, emociona e atrai interesse. E olha que interessante: com Tiago, acabamos esquecendo que essa Narcisa tacava ovo nas pessoas pela janela do Copacabana Palace.

O alerta final é simples: se o personagem de Barnabé, por desgaste ou decisão pessoal, tiver seus dias contados, a sobrevida publicitária de Narcisa real também se encerra de vez. A socialite nunca teve expressão artística suficiente para sustentar campanhas publicitárias consideráveis, e provavelmente nunca terá. O mínimo que se esperava dela, diante dos fatos, era gratidão. O máximo que ela oferece, por enquanto, é uma injustiça pública que a coloca em rota de colisão com o único responsável por ainda mantê-la em cena de forma pra lá de positiva.

No mais, Narcisa deveria voltar sua atenção para dentro de casa, em especial para a própria equipe. Algumas marcas até tentaram contato recentemente para fechar campanhas, mas sempre chegam à mesma conclusão: ninguém atende. A assessoria de ontem já não é a mesma de hoje. A instabilidade da socialite não se resume ao humor, mas também à gestão de sua comunicação. Talvez a melhor dica a dar seja essa: tente manter o mesmo assessor por mais de dois meses, porque não é o que vem acontecendo. A troca constante de profissionais impossibilita até que marcas interessadas tenham um telefone fixo para ligar e encontrar alguém do outro lado da linha. E acredite, se o telefone tocar, e você ainda conseguir atender, algo difícil de acontecer, foi indicação do próprio Tiago. E aproveite, Narcisa. O personagem do Tiago pode estar com os dias contados, e, com ela, parte da sua relevância... O que já está ruim para você, poderá, simplesmente, piorar. Aliás, graças ao Tiago, esquecemos a Narcisa que outrora tacava ovo pela janela do Copacabana Palace nas pessoas, sem dó, e muito menos piedade.