Alessandro Lo-Bianco

"Só sei que nada sei"

Eliana na Globo, Boninho no SBT, e agora Nikolas Ferreira com Whindersson Nunes. É muito pra gente. Calma!

Nikolas e Windersson
Foto: Rerodução Instagram
Nikolas e Windersson

Se há uma certeza filosófica que atravessa nossa era de redes sociais, fake news e reality shows envolvendo brigas públicas, confinadas ou não dentro de uma casa, é que, no fundo, não sabemos nada. Ainda mais se você vive com Twitter aberto, stories demais e redes gravadas. A primeira prova disso é Eliana na Globo. O roteiro foi clássico: rumor + desejo alheio + cobertura midiática = relatório de status profissional que muda a cada estação. A segunda prova de que estamos navegando na névoa da ignorância aparece com Boninho. O homem que sempre foi “chefão da Globo”, referência de grandes realities, aparece agora registrando título de reality para o SBT. “Casa do Patrão”, dizem os papéis, remete ao Silvio Santos. Qual é o enigma disso? Não interessa! O The Voice, que mais de uma década esteve na programação global agora já foi anunciado com o Big Boss no SBT. Quem diria que o diretor dos grandes formatos globais estaria arquitetando algo pro universo do velho e bom Bananas de Pijamas? Isso mostra que apostas de poder, de local de trabalho, de audiência, não têm a previsibilidade que muitos pensam.

E a terceira prova, talvez a mais divertida se você gosta de assistir barraco em rede social controlada, é a foto pastoral dos dois juntinhos. Sim, Nikolas e Windersson, tudo depois da treta midiática que assistimos ao longo da última semana. Político de acusações inflamadas, humorista com prensa pública, acusações de “personagem vitimista”, provocações pesadas, reações virais... E uma foto fofa no final! É o tipo de rivalidade que a gente acha que “já sabe como termina”, com um estrondo, com um pedido de desculpas ou com silenciamento, mas sempre termina diferente: escalando, viralizando, entrando no juízo das pessoas.

Gente, vamos lá... Esse “não saber nada” revela nossos próprios desejos projetados: queremos ver Eliana na Globo como se isso fosse o ápice de uma carreira de locutora-magistral; idealizamos Boninho produzindo reality ultra-pop ou ultra-sério como símbolo de reinvenção; fantasiamos Nikolas e Whindersson dividindo palco, trocando bordões, alegrias ou vilanias, como se o grande teatro público funcionasse segundo nossos roteiros privados. Mas, claro, nossos roteiros atropelam a realidade: contratos, reputações, agendas, ego, recursos e, muitas vezes, vontade própria dos envolvidos sempre acabam reescrevendo o script.

Então, se me perguntar o que vai acontecer em 2026: se Eliana vai de fato consolidar-se como uma estrela de domingo na Globo; se Boninho vai superar seu legado da Globo no SBT; se Nikolas e Whindersson vão se unir numa rivalidade abertamente performática ou encontrar alguma paz indireta, digo: não sei. Só sei que nada sei. E isso talvez seja mais reconfortante do que admitir que achamos que sabemos tudo, quando, na verdade, somos apenas espectadores de um espetáculo de egos, tweets e manchetes mal calibradas.

E já que o futuro é terreno movediço, arrisco: 2026 pode muito bem nos brindar com Xuxa e Mara Maravilha rindo lado a lado, Ana Maria Braga e Sonia Abrão tomando café, Anitta e Ludmilla planejando turnê conjunta, Faustão e o filho do Gugu dividindo programa, e quem sabe até Galvão Bueno e Neto trocando juras de amizade em rede nacional. Se o mundo já nos mostrou Eliana na Globo, Boninho no SBT, Nikolas e Whindersson é ápice: é bom estarmos preparados para qualquer situação impensável em 202. Afinal, só sei que nada sei! E, quanto mais absurdo, mais provável.