Na cena da sala de Odete Roitman, do núcleo da TCA, o telespectador é seduzido por uma paisagem urbana cheia de vida: o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, prédios, orla, tudo perfeitamente iluminado. É possível, poe exemplo, ver os movimentos dos carros. Mas esse cenário não é real, trata-se de uma tela ou painel de LED de altíssima resolução, estrategicamente colocado atrás dos vidros do cenário, que exibe imagens gravadas ou geradas digitalmente do Rio de Janeiro. Quando bem calibrado, esse material domina o campo visual de forma tão convincente que cria a ilusão de que estamos observando através de uma verdadeira janela com vista panorâmica.
Esse tipo de recurso, usar LED em vez de locação ou simulação física, tem várias vantagens para produção televisiva: permite controlar luz ambiente, hora do dia, clima (dia, fim de tarde, noite, céu limpo, nublado ou até com chuva com relâmpagos e tudo), além de evitar deslocamentos caros e imprevisíveis.
A iluminação interna da sala pode ser ajustada para combinar com a imagem no LED, criando reflexos e sombras coerentes, o que reforça o realismo. Em novelas de grande porte como Vale Tudo, isso ajuda também a manter continuidade entre cenas gravadas em estúdio e as externas, sem que apareçam inconsistências visuais.
Segundo apuração da coluna, que conversou com pessoas ligadas aos bastidores, a produção da novela buscou uma estética visual que destacasse luxo, poder e distanciamento, características centrais de Odete. "Usar esse painel de LED dá exatamente isso: permite que a personagem “esteja no topo da cidade”, literalmente sob uma vista que a coloca acima dos outros núcleos de trama. Além disso, permite que a narrativa explore contrastes visuais: o luxo de sua mansão, a vista cinematográfica sa sua sala na TCA, calculada, tudo isso contra a simplicidade pulsante de outros ambientes da novela (como Vila Isabel). Essas escolhas de ambientação reforçaram simbolicamente o caráter da personagem", explicou um dos colaboradores de Vale Tudo.
Do ponto de vista técnico, para que tudo fique crível, há uma série de cuidados: o painel precisa ter alta resolução, densidade de pixels suficiente para que, em close-up, não se vejam “os quadradinhos”; também, sincronização de luz: quando há sol forte externo, reflexos ou sombras internas, isso precisa corresponder à imagem exibida no LED.
O ângulo da câmera, a cor da luz de cena, o grau de nitidez da imagem exibida são calibrados antes e depois das gravações na edição, para evitar revelar que é “fake”. Às vezes há também efeitos de desfoque de lente ou chuva digital para reforçar sensação de profundidade. Tudo isso contribui para que o efeito seja “invisível” para a maioria: uma ilusão que engana bem.
O recurso começara a ser utilizado ano que vem no Fantástico, entregando reportagens com efeitos simulados, o que vai trazer mais realismo e proximidade do público com as notícias. É aguardar, pra ver...