Ontem foi, no mínimo, uma noite curiosa para Boninho. Inegavelmente o público pôde ver na televisão brasileira o tamanho de um diretor que há décadas dita o ritmo do entretenimento no país. Dois produtos nascidos do seu olhar, e moldados por sua assinatura, duelaram em horário nobre nos dois maiores canais do país. De um lado, o “The Voice Brasil”, agora no SBT. Do outro, o “Estrelas da Casa”, uma criação original da Globo que leva o selo de Boninho na concepção, na ousadia e na estética.
O curioso é que não era apenas um embate de formatos, mas de legados. No SBT, Tiago Leifert comandava o palco com a segurança de quem foi lapidado por Boninho desde os tempos do “Big Brother Brasil”. Já na Globo, Ana Clara, outra aposta certeira do mesmo diretor, conduzia seu programa com leveza e carisma, mostrando que o olhar do “Big Boss” continua revelando talentos que se transformam em marcas registradas da casa.
Ontem, mais do que uma disputa de audiência, o que vimos foi o espelho do sucesso do próprio Boninho. Nosso Big Boss estava, de forma literal e simbólica, competindo com ele mesmo: e isso é o que torna sua trajetória tão singular. Enquanto muitos diretores passam a vida tentando criar um formato duradouro, Boninho já coleciona programas, apresentadores e ideias que ultrapassaram fronteiras e permaneceram na memória afetiva do público.
Por isso, eu, sinceramente, nem quis ver os números do Ibope. Quando um criador tem sua obra dividida entre dois canais, ambos prosperam, porque ambos carregam a mesma alma criativa. O seu DNA. Quem venceu a noite de ontem não foi um canal, nem um programa. Foi o próprio Boninho, que mais uma vez provou que sua influência não cabe em um único logotipo de emissora.
E é por isso que o entretenimento brasileiro deve a ele mais do que aplausos: deve reconhecimento. Porque ontem, enquanto o público escolhia o canal, Boninho, de algum modo, estava em todos eles. Inclusive em A Fazenda, que hoje conta com um ex-BBB em seu elenco.