Alessandro Lo-Bianco

Jogador de futebol: o tombo internacional de Virgínia Fonseca

Quando o amor faz de tudo para procurar um espetáculo, a psicanálise entra em campo para explicar o jogo da ilusão.

Virginia e Vini Jr.
Foto: Reprodução/ Instagram @virginia @vinijr
Virginia e Vini Jr.
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Há dias em que a vida parece um roteiro de reality show escrito às pressas, E, para Virgínia Fonseca, o episódio mais recente teve transmissão internacional. Ela foi dormir como a nova “affair” de um dos jogadores mais comentados do mundo, e acordou com o mundo sabendo que, enquanto ela “conhecia melhor” Vini Jr., havia outra mulher fazendo aquele 'sexo virtual' gostosinho com o craque. Bola na rede via Wi-fi! A queda foi em rede mundial. Virgínia, do aldo do seu pedestal, quando parecia flutuar entre o amor e o marketing, agora desaba sob o peso da própria ilusão. E não há filtro, publi ou legenda ensaiada que suavize o impacto do tombo.

Tenho estudado bastante e, posso dizer, que são nesses momentos que a psicanálise me ajuda a entender que, em tempos de hiperexposição, relacionamentos se transformam em mercadorias simbólicas. Virgínia não se apaixonou apenas por um homem; apaixonou-se também pela narrativa de poder que ele representa. Inegável e sem machismos. Digo isso porque da parte do Vini Jr para ela também, apenas uma narrativa de engajamento que ela representava.

Mas, diferente de Vini Jr, creio que a Virgínia, em pouco tempo, acreditou, talvez, que seria a exceção em um sistema que trata a figura feminina como acessório do sucesso masculino. No imaginário coletivo, a mulher “diferenciada” é aquela que acredita dominar o jogo. Mas o jogo, neste caso, sempre foi de outro. A vida, impiedosa, sempre nos lembra que a assimetria entre o ídolo e a verticalização glamorizada é estrutural, não circunstancial. Resultado: Virgínia parece ter caído na real e colocado um ponto final.

Vini Jr., por sua vez, parece ter deixado claro após esse exposed, ainda que involuntariamente, a lógica que sustenta a masculinidade performática do futebol moderno: o afeto é um espetáculo paralelo, o desejo é instantâneo, e o status é a verdadeira moeda de troca. 

Vini Jr, para ele, Virgínia pode ter sido apenas mais uma loira gostosa orbitando o universo dourado dos reis do futebol. E o mais cruel é que isso não é um drama pessoal, é um retrato social. A queda de Virgínia  não é apenas uma fofoca saborosa: é um estudo de caso sobre a busca feminina por validação em um ambiente que valoriza mais a aparência do que a essência. É o espelho de uma geração que confunde visibilidade com valor, e amor com vislumbre. Deixo aqui um último alerta do meu campo de estudo sobre esse caso: enquanto houver poder desequilibrado entre gêneros e fama transformada em capital simbólico, as mulheres continuarão tropeçando nas armadilhas do próprio deslumbramento.

Na moral... O tombo de Virgínia é um lembrete amargo, mas necessário: diante de jogadores de futebol com fama internacional, ou mesmo nacional, não há garantias de fidelidade, nem escudos dourados contra a vaidade. O amor, quando entra em campo com a ilusão de status, sai lesionado antes mesmo do apito inicial.