
A Globo enfrenta uma crise interna após um erro estratégico em sua área comercial. A emissora apresentou a grandes anunciantes um plano de patrocínio especial da Fórmula 1 que incluía Galvão Bueno como narrador, mesmo sem ter fechado contrato com ele. O convite aos patrocinadores não é o mesmo aberto no Upfront para a F1. A Globo selecionou um time de anunciantes para o recebimento de um convite mais íntimo acerca das cotas e a importância da marca no circuito televisivo.
A Globo acabou se antecipando e tomou a atitude precipitada, assim que retomou os direitos da F1. Um dos executivos responsáveis pela peça acabou contando que seria certo o retorno do narrador à Globo e enfiou seu nome no plano comercial. O problema ganhou proporções ainda maiores quando surgiram informações de que Galvão estaria em negociações com o SBT, levando patrocinadores a questionarem se foram enganados ao investir em um projeto que não existe.
O caso chegou ao conselho da emissora, e a presidência do canal teria classificado a situação como um “erro imperdoável”. Segundo fontes, ele determinou que ninguém entre em contato com os anunciantes para admitir a falha. A orientação é manter o plano comercial “de pé” por uma enquanto tentam resolver o impasse internamente, numa tentativa de evitar abalar a credibilidade da Globo junto ao mercado publicitário.
Para contornar o problema, a cúpula decidiu preparar uma proposta milionária para tentar garantir a assinatura de Galvão. O plano é fazer uma escalada de valores: começar oferecendo R$ 2 milhões pela cobertura da F1, subir para R$ 4 milhões, depois R$ 8 milhões e, se necessário, chegar ao teto de R$ 10 milhões. O objetivo é claro: impedir que a emissora precise assumir o erro e preservar a imagem de solidez comercial frente a concorrência do SBT. Recentemente, Galvão recusou a proposta global de R$ 700 mil pela narração da final do Brasileirão com a narração de mais oito jogos da Copa do Mundo de 2026.
Nos bastidores, há preocupação com o impacto da crise na relação com os parceiros e na confiança dos anunciantes, uma vez que no UPFront passado a Globo desceu com um carro de F1 do teto, mas a negociação com os direitos acabou permanecendo com a Band.
A situação também ajuda a explicar o endurecimento recente da Globo em outras negociações, como as tratativas com a Band, após não conseguir fechar acordo para o MasterChef. O episódio expôs a tensão de uma emissora que, diante da concorrência acirrada, tenta equilibrar prestígio, orgulho e o peso dos próprios erros.