O público de reality show tem um problema sério de carência. Ano após ano, o Big Brother Brasil se torna uma espécie de parque de diversões emocional, onde multidões se agarram a um personagem qualquer para projetar suas próprias frustrações e esperanças. Mas nesta edição, o golpe veio duro: simplesmente não há heróis e não há vilões. O elenco é morno, o jogo é fraco, e por mais que tentem, não há narrativa que transforme essas figuras em algo que elas não são.
A ficha ainda não caiu para o senso comum coletivo. As torcidas seguem se contorcendo, tentando fabricar um protagonista que não existe. Mas não adianta! A edição não tem um vilão maquiavélico nem um mocinho injustiçado. O que temos é um bando de gente acomodada, perdida dentro do jogo, sem personalidade forte o suficiente para dividir o público entre amor e ódio. O que sobra são disputas forçadas e engajamentos artificiais de torcidas que precisam desesperadamente preencher o vazio que essa edição deixou.
Até Ivete Sangalo, na edição especial do programa, foi obrigada a dar um recado explícito. A frase não veio à toa. Ela foi claramente orientada a tentar acordar o elenco e, principalmente, o público. Tadeu Schmidt, por sua vez, se desdobra para relembrar aos participantes que há três milhões de reais em jogo. Mas o resultado é pífio: a casa segue em um estado de apatia coletiva, e a audiência precisa aceitar que esta edição não vai entregar o que eles querem.
A maior prova disso é o desespero das torcidas. Incapazes de encontrar um protagonista natural, elas forçam narrativas que não convencem. O público se apega a qualquer migalha de enredo, tentando transformar pequenos atritos em grandes batalhas épicas. Mas a verdade é que ninguém ali tem cacife para ocupar o posto de vilão ou de mocinho. O que resta são torcidas histéricas tentando enfiar um roteiro de novela mexicana em um elenco que sequer entendeu que está jogando um reality show.
E aqui está o ponto mais incômodo para muitos: essa necessidade de construir heróis dentro da casa é um reflexo de um público emocionalmente dependente desse tipo de narrativa. As pessoas precisam de um salvador, alguém em quem depositar suas expectativas, alguém para projetar seus próprios anseios. Mas, desta vez, não tem. O jogo não permite. O elenco não entrega. E o mais difícil para essas torcidas é aceitar que, talvez, seja a hora de assistir o programa sem essa ilusão infantil de que um herói surgirá para guiá-los à vitória.
Não adianta. Essa edição não vai produzir o que vocês esperam. O BBB 25 será lembrado como o ano em que o reality flertou com a irrelevância justamente porque seu elenco foi incapaz de gerar conflitos genuínos. E quanto mais rápido as torcidas aceitarem essa realidade, melhor. Ou seguem assistindo na tentativa frustrada de encontrar um protagonista que não existe, ou encaram de vez o fato de que, desta vez, o jogo não tem um lado para torcer. É só um monte de gente perdida em uma casa, esperando que alguém jogue por eles.