
A situação é pra lá de constrangedora. Imagina abrir uma ação, ser pego na mentira, e sair condenado. É o que acaba de acontecer com o ator Ricardo Tozzi, que tentou usar os tribunais para se livrar de uma dívida de mais de R$ 42 mil com um hospital veterinário, alegando ter sido vítima de uma cobrança indevida. No entanto, o plano não deu certo. Em decisão judicial recente, o juiz não só rejeitou a ação inicial de Tozzi como também aceitou a reconvenção do hospital, que o acusou de má-fé e obteve vitória completa: Tozzi foi condenado a pagar mais de R$ 47 mil pelo tratamento da cadela “Sanfona”.
Tudo começou no fim de 2022, quando a cadela da raça dogue alemão precisou de atendimento de emergência. Segundo Tozzi, o animal era de um amigo, Crisostomo Alencar, e ele apenas acompanhou a internação. Foram dois períodos de internação. No entanto, o hospital Veros afirmou que o ator era o tutor da cadela, apresentou documentos e até prints de postagens em redes sociais onde Tozzi aparece ao lado do animal, chamando-a de “minha filha de quatro patas”.
Na tentativa de se esquivar da cobrança, Tozzi entrou com um processo alegando que teve seu nome injustamente incluído no Serasa. De acordo com o ator, ele teria ficado sabendo por meio do seu banco que seu nome estaria nas instituições de cobrança de crédito. Pior: acusou o hospital de má-fé e exigiu o dobro do valor como indenização, afirmando que o hospital só estaria fazendo a cobrança em seu nome pelo fato de ser famoso. Tozzi chegou a acusar o hospital de falsificar suas assinaturas, enquanto o hospital tinha imagens internas do artista assinando os documentos na unidade.
Em primeiro momento, o juiz chegou a acatar uma liminar do artista determinando que hospoitl retirasse o nome do ator da lista de devedores, sob pena diária de multa. Ocorre que, ao ser informado sobre o caso e sobre o processo, o hospital desmascarou as 'mentiras' do ator.
Bastante revoltado, o hospital apresentou provas de que ele mesmo assinou os contratos de internação e participou ativamente do tratamento da cadela, inclusive negociando prazos e valores. Isso quer dizer que, após ter conhecimento dos valores, o ator também esteve na unidade tentando negociar a dívida antes de abrir a ação. Entretanto, ao se deparar com as postagens do ator no Instagram lamentando a perda do próprio cachorro, chamando o animal de filha, o juiz considerou que o ator alterou a verdade dos fatos para se beneficiar e foi além; acusou o ator de estara reproduzindo a 'teoria da aparência', ou seja, quando você tenta pela aparência alterar a realidade dos fatos.
Ainda alegando que suas assinaturas seriam falsas, Tozzi pediu uma perícia acusando o hospital que suas assinaturas eram forjadas. O hospital, por sua vez, abriu mão do documento alegando que ele era apenas ilustrativo, já que outras provas robustas — inclusive mensagens, gravações do circiuto interno, bem como os registros de atendimentos — comprovavam a responsabilidade do ator. O juiz entendeu que a perícia seria inútil, e deu razão ao hospital, mantendo o nome de Tozzi negativado até o pagamento integral.
A Justiça julgou totalmente improcedente a ação de Tozzi, determinando ainda que ele arque com os custos do processo e pague honorários de 10% sobre o valor da causa. A reconvenção do hospital foi julgada procedente, e o ator agora deve R$ 47.361,03, corrigidos e com juros. Ele até tentou recorrer, mas o Tribunal manteve a decisão. Para piorar, sua advogada abandonou o caso por motivos pessoais, e informou nos autos que seu antigo cliente teria 15 dias para constituir um novo advogado.
De acordo com fontes do judiciário, o episódio virou na comarca um exemplo de como a tentativa de se esquivar de obrigações pode sair caro. A Justiça entendeu que o ator tentou enganar o Judiciário com uma versão inconsistente e o condenou.
Enquanto isso, a “Sanfona” já não está mais entre nós — e quem ficou com a conta foi mesmo o “pai” famoso.