Renata Saldanha no 'BBB 25'
Reproduçao TV Globo
Renata Saldanha no 'BBB 25'


No espetáculo da televisão, tudo é luz, corte e enquadramento. Mas há histórias que cintilam mesmo quando os holofotes se apagam. Renata já pode ser considerada uma dessas. Fora do Big Brother Brasil, há um enredo que muitos ainda não viram — e que merece, mais do que visibilidade, investimento. Ela saiu da periferia e encontrou no balé, através de uma ONG, sua linguagem, e agora dança por todas que ainda sonham em vestir uma sapatilha.

Não é pouco o que Renata representa se tratando de um país como o Brasil. Ela é símbolo de uma engrenagem que funciona à base de silêncio e resistência: as organizações sociais que abrem caminhos onde o Estado muitas vezes não pisa. Foi por meio de uma dessas iniciativas que ela começou a escrever sua própria coreografia de vida. Dentro do jogo, foi essa mesma ONG sua maior aliada — e talvez a única a conseguir, de fato, contar sua verdadeira história. Em tempos em que se vende qualquer narrativa bem produzida, a de Renata ainda pulsa como verdade aqui fora.

O mercado, tão ávido por rostos vendáveis e engajamentos líquidos, precisa lembrar que há valor também naquilo que planta raízes. Renata não é apenas uma ex-participante de reality: ela é uma ponte. Entre o anonimato e o palco, entre a ausência de oportunidades e a beleza da expressão artística. Investir nela é investir na possibilidade de mais meninas, hoje na periferia, encontrarem no balé uma maneira de existir com dignidade, força e beleza.

É tempo de virar o foco das câmeras. Olhar para onde a luz ainda não chegou completamente. Dar a Renata, não apenas contratos e publis pontuais, mas meios de expandir seu impacto. Que ela possa abrir escolas, apoiar projetos, retornar às ONGs como referência viva de que é possível — mas nunca sozinho. Que sua dança continue a ser, como sempre foi, coletiva.

Renata nagora carrega, nos pés, a disciplina do balé, e no peito, a urgência de transformar. Que seu passado agora seja mais canalizado para fora das telas, onde tantas outras vidas esperam pela chance de também contar suas histórias. Porque, no fim, não são as boas publicidades que movem o mundo — são as boas ações. E Renata está aí, disponível para o mercado social, ainda tão carente de ofertas frente as demandas. Que o mercado acorde, que a sociedade perceba: há mais valor em sustentar sonhos do que em colecionar cliques. E que a próxima menina que entre numa ONG para aprender a dançar saiba que existe um caminho — e que ele foi aberto por alguém como Renata. Sorte, Renata!

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