
No emocionante universo das grandes defesas públicas — aquele em que amigos tentam salvar amigos com palavras de incentivo — há histórias que se tornam memoráveis. A mais recente é digna de estudo: Mário Frias, ex-ator e ex-secretário de Cultura, resolveu defender Cauã Raymond no meio da polêmica envolvendo Bella Campos e acabou virando piada nos bastidores da toda poderosa. Bastou uma frase para transformar o gesto de apoio num presente de grego: ao endossar o lado de Cauã, Frias basicamente entregou o colega direto para a frigideira da opinião pública, e ainda sem direito a receita.
Frias, cuja imagem hoje é não é nada querida nos bastidores da Globo, publicou uma defesa ao ator. Foi uma fala com toda a sutileza de um elefante em loja de cristais — e que, no fim, ajudou tanto quanto guarda-chuva furado em tempestade paulista. Isso porque, para quem acompanha os bastidores da emissora, Mário Frias virou sinônimo de destempero, discursos inflamados e um machismo que já saiu de moda há várias temporadas.
A coluna passou a manhã repercutindo a defesa de Frias com fontes dos bastidores da trama. E asseguro em dizer que não é exagero: para Cauã, a defesa de Frias foi o equivalente a receber um prêmio de consolação escrito com caneta permanente na testa. Em vez de amenizar a situação, o apoio de alguém tão mal visto no meio artístico apenas reforçou o incômodo em torno da sua imagem. Afinal, quando uma figura pública que carrega uma ficha corrida de polêmicas põe a mão no seu ombro em público, a tendência natural é que você comece a procurar uma saída pela porta dos fundos.
E é curioso como a boa intenção pode sair pela culatra. Frias, que certamente acreditava estar sendo leal e justo, esqueceu que no xadrez da opinião pública a peça que você move também depende de quem você é. No caso dele, a peça já vem tombada há tempos. Assim, Cauã, que precisava de uma boa assessoria, ganhou de presente uma defesa que mais parecia uma autossabotagem patrocinada.
No final das contas, o episódio serve de lição: às vezes, ficar quieto é a maior prova de amizade que alguém pode oferecer. E no caso de Mário Frias, o silêncio teria sido uma sinfonia. Para Cauã, resta agora tentar sair dessa fria — e torcer para que os próximos apoios venham de fontes um pouco menos, digamos assim, mal vistas dentro da Plinplin.