
O processo de canonização na Igreja Católica exige provas concretas de que o candidato viveu de forma exemplar: exercendo virtudes heroicas, mantendo uma fama de santidade e, em geral, sendo associado a milagres reconhecidos, que hoje nçao é mais um requisito obrigatório. À luz desses critérios, o Papa Francisco desponta como uma das figuras mais fortes e evidentes a ser, um dia, elevado aos altares da Igreja.
Desde o início de seu pontificado, Jorge Mario Bergoglio revelou-se muito mais que um líder religioso tradicional. Ele encarnou o Evangelho no cotidiano, defendendo os pobres, acolhendo os refugiados e combatendo as desigualdades sociais. Em cada gesto, em cada palavra, Francisco mostrou um compromisso visceral com a misericórdia e com o amor ao próximo — virtudes que não apenas pregou, mas viveu intensamente.
Sua visão de mundo não se restringiu ao humano: em sua encíclica “Laudato Si’”, o Papa propôs um novo pacto entre a humanidade e a criação, convidando todos a uma responsabilidade espiritual e ecológica. Sua espiritualidade é profunda, mas nunca desconectada das dores concretas da humanidade. Francisco nos ensina que santidade também é cuidado, empatia e ação diante da injustiça.
Outro traço que o aproxima da santidade é sua coragem em promover o diálogo inter-religioso e a paz mundial, mesmo enfrentando resistências internas e externas. Ao se recusar a ceder às pressões da burocracia e do conservadorismo estéril, Francisco encarna a figura do pastor que vai em busca de cada ovelha perdida, sem temer os caminhos difíceis.
Ainda que o processo formal de canonização só possa começar posteriormente, já com um novo Papa escolhido, a vida de Francisco já desperta, hoje, o olhar dos que reconheceram nele um verdadeiro sinal da presença de Deus no mundo. Sua trajetória, repleta de renúncia, caridade e fé autêntica, é um testemunho vivo de que a santidade é possível em pleno século XXI.
Se há santos que foram reconhecidos séculos após suas mortes, o Papa Francisco, por sua entrega e exemplo, pode já estar escrevendo sua página entre os eleitos. Em tempos de crises morais e espirituais, ele se ergue como um farol seguro, lembrando ao mundo inteiro que, antes de sermos grandes, devemos ser, acima de tudo, bons.