
Nos últimos dias, uma suposta carta psicografada atribuída ao comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, ganhou destaque nas redes sociais e em diversos veículos de imprensa. A mensagem, divulgada pelo canal “O Espiritualista” no YouTube, afirma que Silvio Santos, falecido em 2024, estaria acorrentado e submetido a torturas no umbral, uma região de sofrimento espiritual, por resistir em aceitar Jesus Cristo como seu salvador, devido à sua fé judaica .
Sob a luz do Espiritismo codificado por Allan Kardec, tal narrativa é completamente infundada e desrespeitosa. O Espiritismo prega a caridade, o respeito às diversas crenças e a evolução espiritual baseada nas ações morais do indivíduo, não em sua filiação religiosa. A Doutrina Espírita ensina que o progresso espiritual é alcançado por meio do amor, da caridade e do conhecimento, independentemente da religião professada em vida.
Além disso, é importante ressaltar que, segundo os princípios kardecistas, mensagens psicografadas não são divulgadas de forma sensacionalista ou sem a devida autorização e preparo. O processo de comunicação entre os planos espiritual e material é tratado com seriedade, responsabilidade e respeito, especialmente em relação aos familiares e entes queridos do espírito comunicante. Divulgar supostas mensagens de sofrimento espiritual de uma figura pública recém-falecida, sem qualquer respaldo doutrinário, é uma afronta aos princípios do Espiritismo.
A utilização de uma figura respeitada como Chacrinha para propagar uma mensagem que promove intolerância religiosa e deturpa os ensinamentos espíritas é, no mínimo, irresponsável. Tal atitude não apenas desrespeita a memória de Silvio Santos e sua família, mas também compromete a credibilidade do Espiritismo, que preza pela ética, pelo respeito e pela busca constante da verdade.
A fé e a espiritualidade são aspectos profundos da experiência humana e não devem ser explorados para esse tipo de coisa. É contra os princípios do próprio Kardecismo.