Responsáveis defendem disseminação de ódio de menor nas redes sociais
Reprodução apuração
Responsáveis defendem disseminação de ódio de menor nas redes sociais


É estarrecedor constatar o nível de degradação moral que assola parte da nossa sociedade. A nossa coluna se deparou com um perfil nas redes sociais que disseminou uma mensagem violenta, afirmando basicamente que gostaria de ver Davi se matando e que, se isso ocorresse, ficaria muito feliz de vê-lo partir dessa para uma melhor. A gravidade desse tipo de declaração não pode ser minimizada: desejar a celebração da morte de alguém publicamente é um sinal inequívoco de como a banalização da violência e o discurso de ódio nas redes sociais se tornaram comuns, especialmente no ambiente digital.

Em meio a uma reflexão jornalística, nossa equipe investigou a origem do perfil e conseguiu localizar os responsáveis, que informaram se tratar de uma menor de 15 anos. O que era para ser um momento de conscientização e talvez até de arrependimento, revelou-se ao longo da apuração uma situação educacional ainda mais preocupante: aquela que, erroneamente, é passada dentro de casa, de pais para filhos, de avôs para netos: indagados sobre a gravidade da mensagem, os responsáveis não demonstraram qualquer traço de reflexão ou empatia. Pelo contrário, questionaram se desejar a morte de alguém é crime e, numa resposta ainda mais abjeta, afirmaram que também gostariam de ver o presidente Lula morto.

Esse tipo de resposta não pode ser tratado como uma simples opinião ou como um ato isolado de uma adolescente “sem noção”. Pelo contrário, é um reflexo direto do que ela escuta e aprende dentro de casa. A educação, como sempre se soube, começa no ambiente familiar: são os pais que oferecem os primeiros valores, os exemplos éticos e a noção básica de respeito ao próximo. Quando isso falha, temos exatamente esse tipo de resultado: jovens que replicam, de maneira automática e cruel, os discursos de ódio que circulam na sua própria família.

Este caso escancara uma verdade incômoda: não são apenas as redes sociais que estão intoxicadas de ódio, mas também muitos lares brasileiros, que preferem alimentar teorias conspiratórias e discursos violentos a educar seus filhos para a convivência democrática e o respeito à vida. A frase de que desejariam a morte do presidente da República, dita com a mesma leviandade com que desejaram a morte de Davi, revela uma falência moral que vai além da esfera privada e atinge diretamente a saúde pública do debate social.

Este colunista reafirma seu compromisso intransigente com a defesa da civilidade e da vida. Não há espaço para relativizar ou normalizar esse tipo de comportamento. É urgente que a sociedade, as instituições e as famílias compreendam a gravidade dessa cultura do ódio, que começa no discurso, mas invariavelmente termina em tragédias reais. É preciso, mais do que nunca, retomar o básico: educar para o respeito, para a empatia e para a valorização da vida, valores que, lamentavelmente, muitos lares já deixaram de cultivar. No final, não é sobre o presidente Lula, muito menos sobre Davi Britto...

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