Alessandro Lo-Bianco
Exclusivo

Audiência sob medida: Globo sabe onde vai ganhar e busca o resto

Mapeamento já antecipou os picos da novela até o final, mas o desafio é manter o público nos dias comuns

Maria de Fátima (Bella Campos) e César (Cauã Reymond) em Vale Tudo
Foto: Foto: Reprodução/TV Globo
Maria de Fátima (Bella Campos) e César (Cauã Reymond) em Vale Tudo


A recente virada na audiência da nova versão de Vale Tudo não empolgou os bastidores da Globo, e também não chegou de surpresa. A emissora já havia mapeado, desde a pré-produção, quais capítulos teriam potencial de pico. Cenas icônicas da primeira versão, como Raquel rasgando o vestido de Maria de Fátima, foram estrategicamente posicionadas para gerar repercussão e impulsionar os números nos dias certos. O efeito foi imediato: reação nas redes, buzz na imprensa, perfil pagos para engajar, e índices em crescimento nos capítulos esperados.

Mas o mapa da audiência não é um bilhete premiado. A Globo sabe que esses capítulos-chaves são pontos fora da curva e que eles sozinhos não sustentam uma novela de 150 capítulos. Por isso, a preocupação agora é outra: como manter o público fiel nos episódios que não têm grandes viradas, tapas ou escândalos. O desafio é transformar os dias comuns em combustível de audiência contínua, e não apenas em corredores até o próximo “pico programado”.


A emissora corre contra o tempo para turbinar a trama nos bastidores. Ajustes de ritmo, diálogos, trilhas sonoras e até resgates de personagens secundários têm sido testados para dar corpo aos episódios cotidianos. O mapeamento ajuda, mas não resolve. A novela precisa respirar fora dos grandes momentos e esse respiro ainda não virou fôlego de maratona.

No fundo, a Globo joga um jogo conhecido, mas de risco: vender nostalgia com eficiência pontual, mas com o desafio de seduzir uma nova geração de espectadores acostumada ao ritmo frenético do streaming. Os capítulos épicos já têm seu público garantido. O que falta e a Globo sabe disso, é conquistar quem ainda zapeia nos dias comuns, em busca de algo que prenda mesmo sem gritar.