O futebol brasileiro já foi terra de craques. Hoje, é território de roteiristas de comédia involuntária. A mais nova tendência nas arquibancadas não é grito de guerra, nem música de torcida: é cosplay emocional. Para o próximo jogo de Neymar, torcedores estão organizando um protesto silencioso, porém visualmente hilário: usar máscaras de Bruna Marquezine. Isso mesmo. A arquibancada vai virar um desfile da ex. Um exército de Bruninhas encarando o campo como quem diz: “Parabéns, Neymar. Isso aqui é culpa sua.”
A situação é tão surreal que daria uma minissérie da própria Globo. Imagine explicar isso para um estrangeiro: “Então, é que a torcida está usando o rosto da ex-namorada do jogador para protestar contra ele, porque ele… bom, ele é ele.” A lógica não importa mais. O protesto virou performance. A arquibancada virou passarela. E Bruna, que não pediu nada disso, virou o grande símbolo pop de uma nação em crise de paciência.
Claro que é engraçado. Engraçadíssimo. Um país que transforma ranço em arte merece, no mínimo, um prêmio de criatividade cívica. Mas no meio do riso, fica aquela pontadinha amarga: será que Bruna não cansa de virar personagem de uma novela que ela não escreveu, nem assinou contrato? A mulher está lá, brilhando em Cannes, vivendo romances europeus, sendo ícone internacional e, ainda assim, o Brasil insiste em arrastá-la de volta pro campinho dos nossos afetos mal resolvidos.
A verdade é que a máscara da Bruna virou símbolo porque ela, sem querer, representa o que todo brasileiro sente quando vê certas manchetes: um misto de incredulidade, cansaço e vontade de fingir que nunca participou dessa história. Ela virou a fantasia oficial do “não me envolvam”. E por isso, talvez, a torcida esteja certa: é preciso invocar o espírito da Marquezine pra aguentar mais um jogo.
No fim das contas, a crônica é essa: o Brasil já não torce só com a garganta, torce com a ironia. E Bruna Marquezine, que nunca foi jogadora, virou escudo, uniforme e, agora, máscara. Só falta ser convocada. Mas olha com o que a seleção anda jogando, talvez fosse até bom.