Maraisa vem chamando atenção pela forma indigna que tem tratado os fãs
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Maraisa vem chamando atenção pela forma indigna que tem tratado os fãs

É triste assistir à decadência de quem confunde estrelato com soberba. Maraísa, repetidamente flagrada tratando seus próprios fãs com desdém, parece acreditar que o talento a autoriza a cuspir na mão que a alimenta. Não se trata de um episódio isolado, de um mau dia, de um cansaço compreensível. São reincidências, mês após mês, diante de câmeras, celulares e olhares esperançosos. Seja no desembarque de aeroportos ou saídas de hotel, as cenas têm se repetido com frequência. O que se vê é uma artista que perdeu a noção do mínimo de gratidão, substituindo a generosidade pelo desdém.

Ser artista não é apenas subir em palcos iluminados, entoar versos afinados e recolher aplausos como troféus. Ser artista exige humanidade, compreensão do vínculo invisível que se estabelece com o público. Ignorar esse pacto é trair a própria base da carreira. E quando esse desprezo se torna rotina, o que se constrói não é apenas uma imagem antipática, mas uma ferida moral, um abismo entre quem canta e quem escuta. O desprezo não é charme, não é atitude: é apenas falta de humildade em movimento.

Talvez tenha chegado a hora de a cantora pegar aquela caixinha de papelão de sapato que todos guardamos em casa, cheia de cartas, fotos da infância, lembranças da adolescência. Talvez fosse necessário revirar essas memórias para reencontrar quem ela já foi um dia. Porque definitivamente, hoje, ela se perdeu fora dos palcos: se perdeu dentro da própria arrogância. Se perdeu, inclusive, na capacidade de pedir desculpas quando erra, como foi o caso de uma terrível música que já não vem mais a furo comentar. 

Não há desculpa aceitável para transformar fãs em estorvos. A fila na porta de hotel não é invasão, é devoção. O sorriso pedido no aeroporto não é cobrança, é entrega. Quem se propõe a ser ídolo precisa carregar a responsabilidade de lidar com a admiração que provoca. E se essa responsabilidade pesa demais, talvez o erro não esteja nos fãs, mas na incapacidade de reconhecer que fama e empatia caminham juntas. Sem isso, resta apenas um vazio disfarçado de estrelismo.

Faz-se necessário, portanto, deixar claro: o público não é capacho. Quem paga ingresso, quem compra discos, quem impulsiona números em plataformas não o faz por obrigação, mas por amor, por identificação, por encantamento. Quando o ídolo vira o rosto e oferece arrogância no lugar de carinho, mata-se o elo mais puro da arte: a troca. E não há carreira, por mais sólida que pareça, que resista ao desdém prolongado. A ingratidão corrói a imagem como ferrugem corrói o ferro. O tempo dirá... E isso não tem nada a ver com dinheiro.

Aos fãs, um recado que não pode ser mais direto e incômodo: parem de se humilhar. Parem de implorar por migalhas de atenção de quem só vê em vocês cifras e depósitos futuros. Vocês não são invisíveis, vocês não são objetos descartáveis. A humilhação não é amor, é prisão. Libertem-se dessa idolatria que devolve apenas caras emburradas e desprezo. Há vida, há música, há arte muito além de quem os rebaixa. E nenhum ídolo, por maior que seja, sobrevive quando o público descobre a própria dignidade.

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