
Em tempos em que a comunicação é tão poderosa quanto o próprio talento, certas atitudes de figuras públicas revelam muito mais do que se imagina. Cléo PIRES, ao debochar de uma profissional da imprensa em recente entrevista, parece ter esquecido que vivemos em 2025, não em um passado provinciano onde grosseria era confundida com autenticidade. Se não sabe se comportar para dar entrevista, não dê entrevista. É simples. O respeito à interlocução é parte fundamental da vida pública, e menosprezá-la é também menosprezar o próprio ofício artístico.
Ao longo da minha vida, meu pai me ensinou que a legitimidade de qualquer figura pública se constrói não apenas na arena de sua produção, seja o palco, o cinema ou a televisão, mas também no espaço da sociabilidade. O artista é, por definição, um ator social. E quando se recusa a compreender o peso simbólico de sua fala, cai em uma armadilha de intransigência: acredita que o capital econômico ou o sobrenome bastam para lhe garantir centralidade, ignorando que o verdadeiro prestígio nasce da capacidade de diálogo.
É lastimável, portanto, ver alguém tratar a imprensa com desdém. Isso é tão cafona em 2025 e mostra um pensamento tão provinciano e atrasado... Cleo tratou a repórter como se o trabalho jornalístico fosse uma extensão servil de seu humor ou de sua conta bancária. A imprensa não é adereço, nem pedestal. É parte essencial da engrenagem cultural e democrática.
Quando um artista desdenha desse espaço, revela não apenas falta de educação, mas uma profunda incompreensão de sua posição no jogo público. E isso, convenhamos, é cafona. Na verdade, é cafonérrimo!
Talvez, no fundo, Cléo PIRES não tivesse mesmo, de fato o que dizer. O vazio costuma se esconder por trás do sarcasmo. A carreira, afinal, não se sustenta apenas na herança ou no sobrenome. O sucesso artístico não vem só do palco: ele exige uma postura que inspire, que convoque a admiração fora dos holofotes. É justamente nesse ponto que tanto ela quanto o irmão tropeçam: não conseguiram consolidar lugar de relevância no cenário artístico, talvez porque confundiram exposição com consistência.
A lição é clara: a comunicação com a imprensa não é um detalhe protocolar, mas parte fundamental da construção simbólica do artista. A entrevista não é concessão, é diálogo. E se não há disposição para esse exercício de respeito e profissionalismo, o silêncio seria a alternativa mais elegante. Afinal, ninguém é obrigado a falar. Mas todos são responsáveis pela forma como tratam aqueles que fazem da palavra sua profissão. Lastimavel. Se doses de humildade fossem vendidas em farmácia, talvez algumas pessoas públicas teriam chance de conserto. Uma pena.