
Tenho acompanhado com alegria o trabalho de André Coelho à frente de algumas edições dos telejornais da GloboNews. Sempre que o vejo no vídeo, conduzindo com firmeza e elegância a apresentação, me lembro imediatamente de um encontro que tivemos há mais de dez anos, em uma rua erma de Duque de Caxias. Era fevereiro, fazia quase 40 graus, e nós dois, cada qual pelo seu veículo, estávamos ali para cumprir uma pauta dura: registrar a morte de um ladrão que havia tentado assaltar um policial e foi abatido em legítima defesa com dois tiros: um na cabeça e outro no pescoço. Eu, repórter do Jornal O Dia; ele, já no Sistema Globo de Rádio. Cenário quente, asfalto incandescente, e um ofício que não nos permitia vacilos, nem risos.
Naquele tempo, nada daquilo parecia extraordinário. A cobertura policial era rotina, e sabíamos que no dia seguinte a pauta não seria muito diferente. Fazíamos parte da chamada “editoria geral”, o famoso “faz tudo” do jornalismo, o 'Jupol' (jornalismo policial) que nos levava da tragédia ao improviso com uma rapidez quase cruel. Mas, olhando para trás, vejo como esses momentos forjaram a fibra, a resiliência e a precisão que hoje transparecem no trabalho do André.
Quem liga a televisão e o assiste na GloboNews talvez não imagine o quanto de suor, pressa e pressão existe por trás daquela imagem tranquila no ar, no ar condicionado, terno e gravata. Está bonito, meu amigo! Mas, não imaginam as madrugadas frias, os dias tórridos, os prazos insanos, a disputa por espaço e, sobretudo, a persistência silenciosa em não desistir da profissão quando o salário mal passava um 'tiquinho' do salário mínimo. E se passava... E é exatamente isso que me emociona: porque sei que nada do que alguns profissionais e colegas têm conquistado, caíram do céu.
Ver André hoje, sólido, confiante e merecedor do lugar que ocupa, é como assistir a um filme em que conhecemos o início da trama. É sentir orgulho não apenas do colega, mas do amigo que caminhou junto no mesmo chão duro da reportagem, onde poucos reconhecem, mas todos aprendem. A estrada foi longa, cheia de pedras e de pautas ásperas, mas ele a percorreu com dignidade e talento.
E talvez seja essa a maior beleza da vida: perceber que estamos envelhecendo não apenas pelo espelho, mas pelo sucesso dos que nos cercam. Quando olhamos para trás e vemos os que dividiram conosco o calor do asfalto, e hoje os vemos iluminados pela luz de um estúdio, entendemos que o tempo não passa em vão. Nada é gratuito, nada acontece por acaso. Cada conquista é fruto de uma luta, e André Coelho é a prova viva de que merecimento e perseverança são as maiores credenciais de um jornalista.