
Narcisa Tamborindeguy deu declarações em um podcast de humor que expuseram sua revolta com Tiago Barnabé, intérprete da personagem cômica inspirada nela. A socialite disse acreditar que o humorista não deveria fazer publicidade utilizando a “Narcisa” de seu repertório, mas apenas como Tiago. A crítica, no entanto, revela mais sobre sua dificuldade em enxergar a realidade do que sobre o trabalho do artista. É preciso colocar Narcisa no devido lugar: ninguém deixa de contratar a figura pública Narcisa real para apostar no humor de Barnabé. As marcas que procuram Tiago o fazem por ele, não por uma concorrência com a socialite, e ainda dizem que gostariam de fazê-la sendo Narcisa ou qualquer outro personagem. E que, mesmo que ele não aceite fazer de Narcisa, de forma alguma procurariam a 'genérica'.
O que Narcisa parece esquecer é que, se hoje ainda circula em campanhas milionárias, isso se deve justamente à projeção que Tiago deu ao seu nome. O exemplo mais emblemático, e que a própria vai ficar sabendo pela coluna, é o contrato com a Ipiranga. A marca procurou Barnabé para uma publicidade, e foi ele quem sugeriu e indicou a própria Narcisa, abrindo mão de fazer a ação. A ideia do mote “a nossa não é genérica” só levou milhões a conta da socialite, só chegaram lá, porque ele abriu espaço. Sem o humorista, a chance de Narcisa conseguir campanhas desse porte beira o inexistente. É zero. Seria nula.
Há outro ponto igualmente negligenciado. Narcisa não acompanha com o trabalho de Barnabé no Domingo Legal, mas ali, semanalmente, ele utiliza seu espaço abrindo e encerrando sua participação pedindo doações para o Brasil todo ao lar fundado pela socialite, o Lar de Narcisa. Graças a essa vitrine nacional, que se arrasta há anos, o instituto mantém uma fonte constante de apoio e recursos semanalmente, e, no entanto, nenhum agradecimento público foi registrado. A ingratidão soa como se fosse obrigação, quando, na verdade, trata-se de um gesto generoso que mantém de pé parte da obra social que leva seu nome.
O terceiro ponto: quem conhece a personalidade de Narcisa sabe que suas oscilações de humor não são novidade. É provável que, em questão de dias, ela volte atrás e peça desculpas, como já fez em situações anteriores. Ainda assim, é necessário refletir sobre o tamanho do equívoco. Atacar Barnabé por utilizar a personagem é cuspir no prato que mantém viva sua presença no imaginário popular e no mercado publicitário. A figura pública Narcisa só sobrevive porque a “Narcisa de Tiago” ainda diverte, emociona e atrai interesse. E olha que interessante: com Tiago, acabamos esquecendo que essa Narcisa tacava ovo nas pessoas pela janela do Copacabana Palace.
O alerta final é simples: se o personagem de Barnabé, por desgaste ou decisão pessoal, tiver seus dias contados, a sobrevida publicitária de Narcisa real também se encerra de vez. A socialite nunca teve expressão artística suficiente para sustentar campanhas publicitárias consideráveis, e provavelmente nunca terá. O mínimo que se esperava dela, diante dos fatos, era gratidão. O máximo que ela oferece, por enquanto, é uma injustiça pública que a coloca em rota de colisão com o único responsável por ainda mantê-la em cena de forma pra lá de positiva.
No mais, Narcisa deveria voltar sua atenção para dentro de casa, em especial para a própria equipe. Algumas marcas até tentaram contato recentemente para fechar campanhas, mas sempre chegam à mesma conclusão: ninguém atende. A assessoria de ontem já não é a mesma de hoje. A instabilidade da socialite não se resume ao humor, mas também à gestão de sua comunicação. Talvez a melhor dica a dar seja essa: tente manter o mesmo assessor por mais de dois meses, porque não é o que vem acontecendo. A troca constante de profissionais impossibilita até que marcas interessadas tenham um telefone fixo para ligar e encontrar alguém do outro lado da linha. E acredite, se o telefone tocar, e você ainda conseguir atender, algo difícil de acontecer, foi indicação do próprio Tiago. E aproveite, Narcisa. O personagem do Tiago pode estar com os dias contados, e, com ela, parte da sua relevância... O que já está ruim para você, poderá, simplesmente, piorar. Aliás, graças ao Tiago, esquecemos a Narcisa que outrora tacava ovo pela janela do Copacabana Palace nas pessoas, sem dó, e muito menos piedade.